A Justiça da comarca de Tabaporã (200 km de Sinop) adiou, novamente, o júri popular de Australiamar Fernandes Ferreira, 39 anos, acusado por tentativa de homicídio. De acordo com a Justiça, o advogado do réu apresentou justificativa alegando a inviabilidade de comparecimento na sessão. A greve dos bancos teria prejudicado o pagamento dos custos de viajem.
A data do julgamento ainda deverá ser definida. Caso o advogado não compareça, a justiça poderá determinar um defensor público ao réu. Este é a segunda vez que a data é alterada, inicialmente, o réu seria julgado em setembro, quando a data foi remarcada. O réu, conforme o fórum, não deve participar da sessão. Ele está preso em no Estado de Goiás.
Australiamar, conforme Só Notícias informou, está há pouco mais de um ano preso. Ele foi localizado pela Polícia Civil de Iaciara (GO). Em Tabaporã, o réu atuou como falso médico e chegou a operar um paciente com problema de apendicite. Mas as complicações levaram a vítima a ser internada na UTI de um hospital em São Paulo. A farsa de Australiamar começou a ser descoberta depois de ser denunciado pela Secretaria de Saúde de Tabaporã, que desconfiou do exercício ilegal da profissão. A família da vítima também teve importante parcela de contribuição porque localizou, via site de relacionamento (orkut), o paradeiro do falso médico em Goiás depois que ele havia deixado Mato Grosso.
Os registros da polícia apontam que Australiamar começou em 12 de janeiro do ano passado, em Tabaporã, e se hospedou em um hotel. No dia 13 começou a trabalhar na cidade. Passando-se por médico atendeu um paciente e disse ser necessária intervenção cirúrgica. O procedimento realizado trouxe complicações à vítima e a levou a permanecer internada vários dias na unidade de terapia intensiva de um hospital em São José do Rio Preto (SP). Quando soube da transferência do paciente para outro centro, Australiamar teria fugido. Para isso, argumentou estar deixando a cidade para acompanhar o enterro da mãe, em Goiás.
Em fevereiro, a secretária de Saúde, Célia Soffa, procurou a polícia para denunciar o então médico Alexandre Leite por desconfiar de sua conduta. Na época, Soffa disse que o falsário apresentou-se para preenchimento da vaga de médico no município. Para surpresa de todos, o nome utilizado por Australiamar era de um médico residente na região Sul do país.
Já em Iaciara, Australiamar foi preso em flagrante agindo da mesma forma. Depois de receber as informações por meio da família da vítima de Mato Grosso, a polícia chegou ao consultório que Australiamar havia montado. Na época fora apreendido farto material que comprovava os crimes, como carteiras de identidade e de trabalho falsificadas, carteiras funcionais, folhas de cheques, carimbos, estetocópio e certificados de conclusão de cursos falsos. Também foram encontrados medicamentos, lâminas de bisturi, anestésico, uniformes de médico e acessórios do Exército, entre outros.
O falsário foi atuado em flagrante por falsidade ideológica, falsificação de documento público, uso de documento falso e exercício ilegal da profissão. Ele havia sido contratado pela Secretaria de Saúde da cidade para trabalhar no Hospital Municipal da cidade. Pelo trabalho, ganharia salário bruto de R$ 19 mil mensais.
Australiamar foi contratado em fevereiro no município de Goiás. A apresentação de documentos e registros da categoria não levantaram suspeitas por parte do serviço público. Pouco depois de preso disse ter cursado medicina por quatro anos e meio na Faculdade de Medicina da América do Sul, em Ojos del Salado, no Chile. No entanto, não teria concluido a graduação por falta de condições financeiras.
Ficha criminal
O falso médico tem várias passagens pela polícia. Ele estava sendo procurado pela Polícia Federal da Bahia, Distrito Federal, Ceará, Mato Grosso e Minas Gerais. Também, pela Polícia Civil de Mato Grosso e respondia a processo em várias delegacias de Goiás. Exercicia a atividade médica ilegal em outros Estados.