A entrada de medicamentos falsificados em Mato Grosso pela fronteira com a Bolívia deve levar a Polícia Federal a reforçar a segurança na região. Investigações apontam que criminosos fabricam os produtos na Colômbia e usam Mato Grosso como rota para distribuir a droga aos grandes centros.
A PF já tem indícios da participação de traficantes de entorpecentes no contrabando de remédios, já que em diversas operações foram encontrados os 2 produtos. Em comum, ambos apresentam pequeno volume e alto valor agregado, explica o delegado José Mauro Nunes, da Superintendência da Polícia Federal em Brasília.
Segundo o delegado, o medicamento fabricado na Colômbia segue de avião para a Bolívia. Depois, o produto entra no Brasil transportado em caminhões até Cuiabá, de onde é distribuído para as cidades da região e grandes capitais.
Embora Mato Grosso não seja o alvo da distribuição, durante a Operação Drágea, realizada em maio deste ano, a Polícia Federal apreendeu na Capital remédios falsificados para disfunção erétil, como o Cialis, do laboratório Lilly, e o Viagra, do Pfizer.
No mesmo mês, em Rondonópolis (212 km ao sul da Capital), policiais federais flagraram a venda de estimulantes falsificados em restaurantes e lanchonetes de beira de estrada. Os consumidores são caminhoneiros, que usam o medicamento para evitar o sono no trajeto.
Imagens da fabricação dos medicamentos na Colômbia foram gravadas pela Polícia Internacional (Interpol). De acordo com a PF, a forma de preparo é rudimentar e os laboratórios apresentam péssimas condições de higiene. Como matéria-prima, os criminosos usam principalmente farinha e bicarbonato de sódio. Eles produzem comprimidos e ampolas, em embalagens de marcas famosas e de remédios importantes, usados no tratamento do câncer, da pressão alta e estimulantes sexuais.
Outras rotas também são investigadas pela Polícia Federal. Entre elas as fronteiras dos estados do Paraná e Mato Grosso do Sul com o Paraguai. Segundo o delegado, o lago de Itaipu continua liderando como porta de entrada de medicamentos falsificados no Brasil. Em capitais como São Paulo e Distrito Federal, a Polícia já constata a venda de remédios irregulares em grandes feiras populares, como o Brás (SP) e a Feira dos Importados (DF).
A falsificação dos medicamentos coloca a saúde da população em risco. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), só nos primeiros 3 meses de 2009 foram apreendidas 170 toneladas de medicamentos falsificados, contrabandeados ou de uso proibido no Brasil.
Para tentar evitar falsificações, o consumidor deve sempre exigir nota fiscal. Também deve checar se a caixa está lacrada e o selo de qualidade que só aparece depois que a marca de segurança é raspada.
Operação Drágea – Deflagrada pela PF em conjunto com a Anvisa, em maio, a operação resultou na apreensão de 60 toneladas de medicamentos e cosméticos. Entre o material havia remédios sem registro, contrabandeados ou armazenados em condições inadequadas. Oito pessoas foram presas em flagrante e 11 indiciadas pelos crimes de venda de medicamento sem registro, tráfico de drogas, e contrabando e descaminho.
Organização criminosa – A Operação Drágea também descobriu em Mato Grosso uma organização criminosa de produção clandestina de medicamentos fitoterápicos distribuídos para todo o país. Na ocasião, a Polícia Federal constatou a fabricação de embalagens, envasamento e distribuição do fitoterápico "Gotas do Zeca", comercializado em todo o país. A fábrica de embalagens do medicamento foi fechada pela Anvisa e mais de 200 mil frascos foram apreendidos, assim como os equipamentos.