A juíza de Sonora Tatiana Decarli atendeu ao pedido do Ministério Público de Mato Grosso do Sul, por meio do promotor Marcelo Moraes, e determinou a prisão preventiva de oito agentes envolvidos com a quadrilha especializada no corte ilegal de madeira no Mato Grosso e sonegação fiscal, no entanto, um dos servidores ainda está foragido. Estão presos: Maurício Fernandes Bueno Filho, Nilton José Baraúna, Maurício de Souza Lima, Jorge Barbieri Figueiredo, Jair Aparecido Dias, Aridalton José de Sousa e Demilson de Santi.
Na quinta-feira passada foi liberada Karine Zanotto (Sinop) e na sexta-feira os empresários de Mato Grosso Julio Alberto Pereira Pinto (Sinop), Cláudio Aparecido Pereira Pinto (Sinop), Hélio Della Vedova de Araújo (Marcelândia) e Cláudio Goliczeski (Marcelândia), além dos intermediários Cival Pereira dos Santos, Francisco José de Souza e Eva Santos Gonçalves (esposa de Cival). No entanto, Cival e Francisco estão presos em Sonora pelo crime de falsificação de documentos públicos, podendo ficar de 2 a 6 anos de reclusão.
O esquema foi desmantelado na segunda-feira (11) na Operação Cupim pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF), que culminou com a prisão de 15 pessoas e um servidor que ainda permanece foragido da Justiça.
Conforme a alegação do MPE, eles foram liberados da prisão porque colaboraram com a Justiça, na chamada delação premiada, contando como funcionava o esquema e a participação dos agentes e também porque eles não possuíam antecedentes criminais. A ação envolvia funcionários públicos e empresários, que estariam agindo de maneira a evitar a fiscalização dos carregamentos que transitavam em Mato Grosso do Sul, causando prejuízos fiscais e ambientais.
A Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) e da Delegacia Especializada em Crime Organizado (Deco) também participaram da Operação Cupim. Foram apreendidos R$ 6,8 mil em dinheiro e ainda 12 armas. O empresário Júlio Alberto Pereira Pinto, 31 anos, liderava o esquema de sonegação. Ele reside em Sinop/MT e coordenava as empresas dele Silver Line Transporte e Logística Ltda e J.A. Pinto Transporte Ltda, ambas com sede no endereço residencial dele, e que levavam madeira oriunda de Mato Grosso para São Paulo, Santa Catarina e Paraná, passando por Mato Grosso do Sul.
A Operação teve início na primeira quinzena de março, logo após a prisão do funcionário terceirizado do Posto de Jupiá de Três Lagoas, Sebastião Mota de Oliveira Filho, que negociava a liberação da passagem de cargas no local. Após essa prisão identificou o nome do empresário. Conforme a Polícia rodoviária Federal, o empresário pagava alguns Agentes Tributários Estaduais para fazerem vistas grossas com relação aos caminhões dele que trafegassem pela fiscalização, além da duplicação de Notas Fiscais usadas por mais de um veículo, como também pelo tipo de madeira transportada, apresentando valor abaixo do mercado, além da informação do peso não condizer com o real, já que as cargas possuíam 30% a mais do peso permitido.
Para isso, era feita a duplicação de Notas Fiscais e carimbos falsos da Receita Estadual, feita pelo ex-funcionário da empresa que prestava serviços ao Posto Fiscal Tributário de Sonora/MS, Cival Pereira dos Santos, e ainda contava com a cumplicidade de Francisco José de Souza, que não ausência dele praticava a ação. Cival ainda utilizava a conta bancária da amásia, Eva Santos Gonçalves, para efetuar pagamentos de propina a funcionários corruptos.
Os fiscais deixavam as carretas do empresário passarem sem abordagem, não sendo fiscalizadas, tampouco emitidas guias de trânsito da mercadoria transportada, causando prejuízos aos cofres públicos. Para se ter noção da situação, uma multa por embaraço fiscal, ou seja, deixar de submeter aos trâmites legais tributários pode custar R$ 2.119,50, no entanto, não apresentar Nota Fiscal, gerando assim um novo documento fiscal pode resultar em uma multa equivalente ao valor de R$ 7.089,64. Com a prisão de Sebastião, o empresário teve que mudar a rota dos veículos.