A semana começou diferente para os 3,4 mil moradores da pacata cidade de Nova Santa Helena, que fica às margens da BR-163. O céu está bem mais limpo e o ar mais leve e úmido. O calor e a fumaça foram amenizados com uma chuva de mais de uma hora que caiu no último sábado. Foi a primeira chuva do Estado depois de 80 dias de muita seca.
Quando as nuvens começaram a formar-se, por volta das 14 horas, Dieme Araújo pensou que fosse apenas fumaça. "Como estamos acostumados com a fumaça, nem nos empolgamos. De repente a chuva começou a cair. Foi só festa". Ainda segundo ela, a surpresa foi maior porque, em anos anteriores, o município era um dos últimos a receber chuvas na região. "Desta vez nós fomos os privilegiados".
A telefonista Patrícia Rosa também só acreditou quando viu a água caindo do céu. "Foi assunto do final de semana. E o mais impressionante é que só choveu aqui. As cidades vizinhas não viram uma gota d"água".
Em Itaúba, que fica a 19 quilômetros, os moradores esperaram, mas a chuva não chegou. "Acho que nossas rezas foram fortes", comemorou Patrícia.
E reza é o que não falta em todo o Mato Grosso, que está em estado de emergência por causa da baixa umidade do ar que já ficou abaixo de 11%, bem longe do ideal (acima de 60%), e o elevado número de queimadas. Este ano, já são 92 mil focos, 350% a mais que no mesmo período do ano passado, quando foram registrados 20,4 mil focos. Somente este mês foram 62 mil.
As temperaturas elevadas aumentam ainda mais o sofrimento dos mato-grossenses. Em Cuiabá, no último domingo, foi registrada a maior temperatura do período, 40ºC. E deve continuar assim durante a semana toda. No Norte, a máxima deve ficar em torno de 37ºC e mínima de 19ºC.
Mais chuvas – Outras regiões do Estado podem ser contempladas com pancadas isoladas de chuva esta semana. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê chuvas no Noroeste, Oeste e Norte, durante a semana, porém, nada é certeza.
Segundo a coordenadora do 9º Distrito de Meteorologia de Cuiabá, Marina Padilha, apesar de ocorrerem isoladamente por fatores climáticos locais, ainda não é possível prever chuvas em Mato Grosso. "Só vamos prever chuvas a partir da segunda quinzena de setembro. Mas elas podem ocorrer isoladamente como no ano passado, quando, no dia 25 de agosto, choveu 91 milímetros em Cuiabá".
Ela não soube informar quais fatores provocaram as chuvas em Nova Santa Helena. "Podem ser vários fatores, como umidade do ar, temperatura, que influenciam as condições climatológicas locais".
Espera – Sem previsão certa, vários municípios mato-grossenses estão clamando por chuvas. Marcelândia, cidade vizinha de Nova Santa Helena, que há menos de um mês foi tomada pelas chamas, é uma delas. Apesar de passados vários dias do incêndio que destruiu indústrias madeireiras e residências, a cidade ainda convive com a fumaça e as cinzas deixadas por onde o fogo passou.
Mais de 100 famílias ficaram desabrigadas e muitas pessoas sofrem de problemas respiratórios. O clima só voltará ao normal no município com a ocorrência de fortes chuvas.