Funcionários de uma empresa terceirizada que presta serviços de limpeza para o governo do Estado em estabelecimentos públicos de saúde de vários municípios, estão sem receber o pagamento de outubro e a primeira parte do 13º salário por falta de repasse do governo à empresa. Na próxima semana vence o prazo para acerto do salário de novembro, mas até o momento não se tem a certeza e nem uma data de quando serão quitadas todas as pendências salariais. Somente em Cuiabá, são cerca de 200 funcionários, em Colíder cerca de 30, além de outras cidades. Existem funcionários, que estão se alimentando com a ajuda de amigos e familiares, pois nem o vale refeição foi repassado.
Uma funcionária que trabalha no hospital psiquiátrico Adauto Botelho, relatou para uma colega que também trabalha na empresa, porém em outro setor, que está se alimentando apenas com água e bolacha de sal e precisa suportar todo um trabalho pesado de limpeza apenas com essa alimentação inadequada. A Secretaria Estadual de Saúde (SES) confirmou o atraso, mas não informou o motivo e nem a data para repassar o dinheiro à empresa.
Uma funcionária da empresa, que não quis se identificar, informou que coincidentemente, esse atraso ocorre justo no momento em que o governo tem intensificado os contratos com as Organizações Sociais de Saúde (OSS) para gerenciar hospitais do Sistema Único de Saúde no Estado.
Ela lembra que o governo tem investido em equipamentos e outras melhorias nas unidades antes de serem entregues às OSS, e acredita ser esse o motivo da falta de dinheiro para cumprir com o contrato com as empresas terceirizadas que prestam serviço para a Saúde.
A empresa deixou de prestar os serviços no Hospital Regional de Cáceres (225 Km a oeste de Cuiabá) que passou a ser gerido totalmente por uma OSS na última quarta-feira (30), mas até o momento o Estado não pagou as despesas relativas ao término do contrato. "Na cidade, ninguém comenta o assunto do não pagamento com o término do contrato, para talvez não atrapalhar a nova gestão das OSS", acredita.
Em Cuiabá, servidores da empresa já cogitam suspender as atividades no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e no Hospital Adauto Botelho, onde a paralisação estava prevista para a última segunda-feira (28), porém, preferiram acionar o sindicato da categoria que já protocolou uma denúncia no Ministério do Trabalho.
Outro lado
Por meio da assessoria, a Secretaria Estadual de Saúde, confirmou o atraso, mas garantiu que a empresa já foi comunicada pelo governo. Informou que juntamente com a Secretaria Estadual de Fazenda (Sefaz) e Secretaria de Planejamento e Coordenação Geral (Seplan) estão aguardando a suplementação no orçamento para quitar os pagamentos "o mais rápido possível". Não foi informado, no entanto, prazo para a regularização e nem o motivo do atraso.