O julgamento do jornalista norte-americano Joe Sharkey que estava no Legacy, que se chocou com o Boeing da Gol em 2006, aconteceu nesta quinta-feira (17), na 9ª câmara cível do Tribunal de Justiça, em Curitiba (PR). Sharkey foi condenado a se retratar publicamente perante o povo brasileiro, nos mesmos meios de comunicação em que fez as ofensas, e também a pagar uma indenização no valor de 50 mil reais, com correção monetária a partir de janeiro de 2008, data em que os textos foram publicados, que serão destinados à Associação dos Amigos do Hospital de Clínicas do Paraná.
O magistrado que julgou o caso foi Sérgio Luiz Patitucci, acompanhado de Rosana Fachinn e de José Augusto Gomes Aniceto. Este último pediu vistas do processo e proferirá seu voto no início de dezembro. Segundo Dante D”Aquino, advogado da autora, a decisão não pode ser mudada. “Apesar de um dos desembargadores ter pedido vistas do processo, o recurso já está procedente pela maioria dos votos”. Sharkey desrespeitou os brasileiros em seu blog, com textos que escreveu após a tragédia.
A justiça brasileira pediu esclarecimentos ao blogueiro norte-americano por declarações que ele fez em seu blog, no qual fez críticas fortes e duras à população brasileira. Ontem (16) Sharkey fez um novo post em seu blog, mencionando os processos e fazendo novas críticas aos jornalistas e à FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas), chamando a imprensa de covarde e os jornalistas de xenófobos.
O processo está em trâmite contra o blogueiro desde 2008. D”Aquino, explica que o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), acolhendo os argumentos do recurso apresentado, reverteu a decisão de primeira instância para condenar Joe Sharkey. O norte-americano, em seu último post, cita os processos e é irônico ao falar sobre o “grau de precisão e honestidade” dos mesmos.
A ação contra o jornalista é um processo cível movida por Rosane Gutjahr, diretora da Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Voo 1907 e viúva de Rolf Ferdinando Gutjahr. A ação manifesta a indignação com relação às ofensas que sofreu e pede a retratação pública, por ser cidadã brasileira e viúva de uma das vítimas. “Com essa decisão, podemos ter parte da nossa honra novamente, pois o Brasil não pode se sujeitar a esse tipo de ofensa”, desabafa Rosane.
O blogueiro norte-americano diz que a imprensa brasileira “diz amém a tudo”, além de comparar a Polícia Federal do Brasil com o filme “Keystone Cops”, ilustrando o artigo com uma imagem do longa metragem do cinema mudo, no qual os policiais eram trapalhões e divertiam as crianças.
“O Brasil é um lugar onde as autoridades instáveis lutam para se eximir da culpa”, declarou Sharkey, utilizando a grosseira expressão “cover their butts”, além de chamar o nosso país de “terra maluca” (“crazy land”). O blogueiro também permitiu a postagem em seu blog de críticas severas ao povo brasileiro, feitas por leitores, com declarações fortes como “os brasileiros são mais idiotas que os idiotas”, chamando o presidente Lula de “Bin Lula e os 40 ladrões” e “mulheres prostitutas”.