A cada 5 dias, em média, um caixa eletrônico é arrombado dentro dos comércios de Cuiabá e Várzea Grande. Registros da Polícia Judiciária Civil apontam que até agosto 45 equipamentos foram alvos de assaltantes somente nas 2 cidades. A situação de medo e insegurança está motivando empresários a deixarem de prestar o serviço financeiro aos clientes. O quadro foi agravado com o ataque criminoso dentro da Galeria Itália, esta semana, que deixou 2 assaltantes e 2 seguranças mortos.
A assessoria do Banco do Brasil afirma que o desinteresse dos comerciantes pelos terminais é reflexo da onda de ataques. A instituição também lamenta a situação e busca outros meios de atender os clientes.
Depois de ter o caixa eletrônico arrombado 2 vezes, uma farmácia no bairro Araés, em Cuiabá, teve o terminal desativado. O atendente Moisés Batista Marinho, 37, conta que foi rendido no primeiro assalto e não conseguia mais trabalhar tranquilo, por medo. Ele conta que os clientes reclamam da retirada do caixa eletrônico da farmácia e afirma que o movimento caiu cerca de 30%. "O patrão não gostou de tirar porque diminuiu os clientes, mas estava muito perigoso".
O aposentado Benício Nascimento Araújo, 60, foi uma das pessoas afetadas com a retirada do equipamento. Ele conta que agora precisa pegar ônibus para ir ao banco, dificultando o acesso aos serviços.
Também por medo de arrombamentos, o gerente Edivam Miranda da Silva, 32, responsável por um supermercado do Pedregal, afirma que pedirá a retirada do terminal. Ele explica que assumiu o gerência há um mês e o caixa estava desativado, mas não tem interesse em prestar o serviço. Edivam reclama que em 30 dias sofreram 3 tentativas de assalto e não quer ter um motivo a mais para invasões no supermercado.
Nem mesmo os órgãos públicos estão livres das ações criminosas. Ao ter o equipamento da Junta Comercial do Estado de Mato Grosso arrombado duas vezes, o presidente Roberto Peron não permitiu nova instalação. Ele destaca que outros entes públicos também deixaram de prestar o serviço ao cidadão diante da falta de segurança. "Eu desisti e quem perde com isso é a sociedade".
Atuando também como presidente do Sindicato do Comércio de Tecidos e Armarinhos de Mato Grosso, Peron comenta que vários empresários falam em retirar os aparelhos para evitar possíveis assaltos.
O motorista Fábio Alves da Silva, 29, conta que foi prejudicado com a desativação do caixa eletrônico de um supermercado do Distrito Industrial, onde mora. Ele diz que tem preferência em fazer saques de dinheiros em comércios, mas agora não tem nenhum perto de casa. Aproveitava a ida ao shopping para usar o terminal, assim como a babá Luzia Teixeira, 43, que anda assustada com a quantidade de assaltos na cidade.