Um policial para cada 44 quilômetros de fronteira. Com um efetivo de apenas 90 militares, o Grupo Especial de Fronteira de Mato Grosso (Gefron) tem dificuldades para combater a passagem de carros roubados no Estado para a Bolívia, bem como a entrada de droga em território brasileiro. São 22 policiais em cada turno de 24 horas, para fiscalizar 983 quilômetros de divisa, sendo 233 de área alagada.
Segundo o comandante do Gefron, tenente-coronel Antônio Mário Ibanez, os militares se revezam em 4 postos montados na região e nas barreiras móveis realizadas nas rodovias e estradas. Porém, não conseguem estar presente nas incontáveis rotas de fuga utilizadas pelas quadrilhas.
Conhecidas por "cabriteiras", as estradas são usadas para tráfego de veículos roubados e furtados, ou para a entrada de drogas no país. Muitas delas já foram identificadas pelo Gefron, mas, de acordo com o comandante, novas rotas surgem todos os dias. "Os criminosos passam por uma via um dia e, na próxima ação, já criam outro caminho para não levantarem suspeitas".
A estimativa da Polícia Judiciária Civil é que 60 veículos roubados ou furtados em Cuiabá e Várzea Grande são levados para a Bolívia todos os meses. O número representa 2 terços dos carros levados por bandidos nas duas cidades e que não são recuperados em solo brasileiro.
O principal atrativo para as quadrilhas é a lei boliviana que permite a legalização destes automóveis, ou seja, eles podem trafegar sem riscos no país vizinho. "É preciso que o governo Federal cobre do governo boliviano o cumprimento das parcerias no combate à criminalidade. Vemos que nada é feito pelo país vizinho e isso dificulta nosso trabalho também".
Para o comandante, o policiamento na fronteira só terá mais eficácia no trabalho com o aumento no efetivo e o envio de 10 veículos equipados com radares e ferramentas de última tecnologia. Ele revela que, com as novas viaturas, será possível monitorar até 300 quilômetros da divisa com bases montadas em pontos estratégicos. "Com certeza, teremos muito mais facilidade em identificar o tráfego de veículos roubados na região e dos traficantes que trazem droga para o país".
Porém, o reforço nas ferramentas para os militares deve demorar para chegar. O secretário de Estado de Segurança Pública, Diógenes Curado, afirmou que o primeiro veículo deve ser enviado somente daqui a 2 meses. Afrota estará completa daqui a 3 anos.
Gênesis II – Uma força tarefa foi montada, nos últimos 14 dias, para coibir crimes na região de fronteira. Cerca de 450 agentes foram mobilizados por 37 instituições de segurança pública e fiscalização na denominada operação "Gênesis II". Ao todo, foram montadas 143 barreiras, parte delas, 56, em estradas vicinais.
Com o reforço, a Secretaria do Estado de Segurança Pública (Sesp) conseguiu prender 116 pessoas e retirar 77 armas de circulação. O secretário Diógenes Curado destacou que os trabalhos foram realizados, com prioridade, nos 28 municípios existentes na região, tanto na área urbana quanto rural, para reduzir o sentimento de insegurança nos moradores.