A transferência do empresário Josino Pereira Guimarães para Cuiabá ainda não foi marcada pelo Ministério Público Federal (MPF). Por enquanto, ele continua recolhido no novo anexo da Penitenciária da Mata Grande, em Rondonópolis (212 km ao sul da Capital), desde que foi preso pela Polícia Federal na segunda-feira (9). O empresário é apontado como mandante da morte do juiz Leopoldino Marques do Amaral, em setembro de 1999, além de ser acusado pelo MPF de ter se associado ao delegado Márcio Pieroni para tentar fraudar o processo, criando provas falsas para inocentá-lo. O delegado também foi preso e está no Grupo de Operações Especiais (GOE) da Polícia Civil, em Cuiabá.
Para o advogado de Josino, Waldir Caldas, a prisão foi desnecessária e pegou todos de surpresa. O defensor alega que há um mês o empresário compareceu na PF e na Justiça Federal para prestar depoimento e nas 2 ocasiões se colocou a disposição para qualquer esclarecimento. Agora, Caldas pretende protocolar o habeas corpus no Tribunal Regional Federal (TRF – 1ª Região), em Brasília, ainda esta semana. "Agiram dessa forma para humilhá-lo".
O advogado de Pieroni, Sebastião Monteiro, também deve protocolar nos próximos dias pedido de soltura. Ele afirma que vai embasar a argumentação no fato do delegado ter deixado a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e o processo estar na competência da Justiça Federal, impossibilitando-o de fazer qualquer diligência do caso.
Conforme Monteiro, Pieroni afirma ser inocente das acusações de fraude processual e garante ter agido dentro da lei. Este também é o entendimento da Corregedoria da Polícia Civil, que ainda não recebeu a documentação da PF. Segundo a assessoria de imprensa, o material analisado até o momento é relacionado ao trabalho desenvolvido por Pieroni, que resultou na exumação do corpo do magistrado no mês de março. A Polícia Civil alega, que por enquanto, não encontrou nenhuma irregularidade e o trâmite teve aval de 2 juízes.
Quanto ao processo que o delegado responde por tortura contra 3 acusados de matarem a empresária Maria das Neves Medeiros Cardoso, 46, a Corregedoria afirma que foi arquivado por falta de consistência. A Polícia Civil comenta que as denúncias de tortura contra Pieroni são relacionadas a réus, que durante o julgamento tentavam se livrar da pena.
Lessa – O secretário de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), Paulo Lessa, se defende das acusações feitas por Beatriz Árias ao MPF. Ela afirmou que foi orientada pelo, então, desembargador a assinar uma declaração elaborada por Pieroni. Por meio de nota, ele afirmou "que trata-se de declaração inverídica, vez que desconhece a existência de audiência realizada de madrugada nas dependências da Associação Mato-grossense de Magistrados (Amam)".
A declaração, segundo ele, "causa estranheza, principalmente por não haver nenhum tipo de intimidade ou proximidade entre ambos, que pudesse levá-lo a exercer alguma forma de influência sobre essa senhora, com a finalidade de induzi-la a assinar documento de qualquer natureza".