O ex-cabo da Polícia Militar Hércules Araújo Agostinho é o 15º preso mato-grossense de alta periculosidade transferido nos últimos 3 meses da Penitenciária Central do Estado (PCE) para presídios de segurança máxima do país. Ele foi levado em voo comercial para a Penitenciária Federal de Campo Grande (MS), após passar 1 ano e 7 meses cumprindo pena em Cuiabá. Considerado braço armado de João Arcanjo Ribeiro, o preso é condenado a 209 anos por ter assassinado 15 pessoas, além de tentar contra a vida de outras 3 vítimas.
A transferência de Hércules foi autorizada pelo juiz Adilson Polegato de Freitas no dia 22 de novembro. Inicialmente, o criminoso seria levado para a Penitenciária Federal de Mossoró (RN), porém a defesa de Hércules entrou com pedido para que o ex-policial fosse levado para Rondônia ou Mato Grosso do Sul.
A retirada do preso da PCE ocorreu no final da tarde de ontem diante de um forte esquema de segurança montado pela Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos, com apoio do Setor de Operações Especializadas (SOE) e da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). O criminoso foi encaminhado até o Aeroporto Internacional de Várzea Grande, Marechal Cândido Rondon, onde embarcou.
O advogado de defesa Jorge Godoy destaca que a saída do cliente de Mato Grosso era conhecida e poderia ocorrer a qualquer momento. Aponta que o cumprimento da pena em Campo Grande é favorável para a família do ex-policial. O pedido de remoção de Hércules partiu do Ministério Público do Estado (MPE) em 23 de outubro, uma semana depois da segurança da PCE verificar que as grades da cela onde ocupava no raio 5 estavam serradas. Ele confessou ter danificado o cubículo 4 meses antes do anunciado pela PCE. Disse que não tinha o intuito de fugir, apenas queria chamar atenção da direção da penitenciária e da Justiça para que os pedidos feitos fossem atendidos.
As afirmações ocorreram durante depoimento prestado à Comissão de Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD), que investigava a participação de Hércules e de outro preso na tentativa de fuga. O ex-policial isentou o colega de cela de qualquer responsabilidade quanto a infração. O criminoso voltou para Cuiabá em maio de 2011. Antes, ele cumpria pena Penitenciária Federal de Porto Velho (RO), onde permaneceu por 1 ano. Esta não é a primeira vez que vai para Campo Grande, onde já ficou 2 anos. Na mesma unidade penitenciária, estão presos Arcanjo e o ex-comparsa de Hércules, Célio Alves de Souza. Este último foi encaminhado para Mato Grosso do Sul em 16 de novembro, juntamente com o sequestrador e assaltante Gélio Nelsi da Silva. Três dias antes, Márcio Lemos de Lima, conhecido como "Marcinho PCC", havia sido levado para a Penitenciária de Segurança Máxima de Porto Velho (RO). Em outubro, 11 criminosos foram levados para Catanduvas (PR). A maioria responde por assaltos a banco.