Alguns caciques Xavantes estão divididos quando a decisão de retirar da área de 165 mil hectares – considerada pela justiça como sendo dos índios- centenas de pessoas que ocupam o local (criando gado e plantando soja, milho e demais produtos) há vários anos. O cacique Cristóvão disse, em entrevista a Tv Record em Confresa, que apoia o cancelamento da desintrusão da Gleba Suiá Missú e a demarcação de uma outra área para que os índios da etnia possam ocupá-la. Ele disse que este é um momento histórico. "Buscamos uma solução que não prejudique nenhum dos dois lados", afirmou.
O posicionamento dos caciques, no entanto, não é unanimidade entre os índios, já que na última segunda-feira (10), início da desintrusão, uma carta assinada pelo cacique Damião Paridzané dizia que a retirada dos posseiros da área era esperada há muito tempo pelos indígenas. Ele também denunciou que vários índios de etnias diferentes foram mortos por fazendeiros. "Antes da retirada de nossa terra mataram aqui muitos xavantes. Os fazendeiros daquele tempo é muito bandido (sic). Mataram com tiro. Morreu Tseretemé, Tserenchitomo, Tsitomowé", revelou o cacique. Ele também diz que os índios foram enganados e tiveram suas terras destruídas pela ocupação dos posseiros. "Quem destruiu, foi o índio ou foi o branco? A gente sabe mesmo, foi o branco que destruiu a floresta, essa não é nossa vida. Nossa vida é preservar a terra, a natureza, os rios, os lagos", diz o cacique em trecho da carta.
O cacique Damião finalizou ressaltando que quando a terra voltar para as mãos dos xavantes "vai viver novamente. Vai voltar animais e plantas (sic). Nossa mãe vai ficar muito forte e muito bonita, como sempre foi. É assim que tem que ser".
Cerca de 8 "fazendas" já foram desocupadas pela Força Nacional de Segurança que continua, na região, cumprindo as ordens judiciais.