A médica Valéria Lemelle Xavier, 46 anos, baleada no tórax, em Guarantã do Norte, no começo do mês, por um policial militar, deixou o hospital onde estava internada, em Sinop. Apesar da gravidade do ferimento, que segundo a médica, perfurou o pulmão, lesionou um lado do fígado e fraturou uma costela, a mesma teve uma boa recuperação e foi liberada. O primeiro atendimento foi feito em Guarantã, porém, ela foi transferida para um hospital de Sinop, onde permaneceu internada por mais de uma semana.
Em entrevista a uma emissora de TV local, a médica detalhou como ocorreu o "atentado". "Atendi o policial como um paciente normal. Ele precisava de um atestado, porém, eu não podia entregar [o documento] a ele sem passar por um médico. Ele não gostou e ficou reclamando. Falou que iria me denunciar, que iria atrás dos direitos dele. Quando eu virei as costas e fui em direção a sala do médico, ouvi o disparo e vi que fui atingida. Ele ainda falou em tom de voz elevado que não precisava do meu atendimento. Depois disso, passei os piores momentos da minha vida, foi uma luta diária e de muito sofrimento até o dia da minha liberação do hospital", contou Valéria.
Conforme Só Notícias já informou, Valéria foi baleada, no dia 6, na unidade de saúde Santa Maria. O acusado de ter feito o disparo é o policial militar Lourival de Oliveira. A versão apurada é de que ele teria ido a unidade solicitando um atestado médico contendo informações do CID (Classificação Internacional de Doença) que o manteria afastado da sua função. Em nota, a prefeitura expôs que "a médica, que atende como clínica geral, informou que poderia dar a declaração, porém, o atestado dependeria de um médico neurologista, dando o encaminhamento necessário. O paciente, insatisfeito e querendo um atestado, agiu com extrema agressividade informando que faria uma denúncia à Secretaria de Saúde e que se os responsáveis não a removessem da unidade ele mesmo faria isso".
Lourival se apresentou na delegacia 48 horas após a tentativa de homicídio e, de acordo com seu advogado, Pedro Henrique Gonçalves, usou o direito de permanecer calado e deverá se pronunciar com o andamento do inquérito. Lourival responderá em liberdade, por não ter sido preso em flagrante.