Há 6 dias um incêndio toma conta do aterro sanitário de Cuiabá, onde a fumaça é intensa e 89 famílias do assentamento Lagoa Azul são afetadas diretamente com o problema. O fogo teve início no sábado (4) e a Prefeitura acredita que tenha começado de maneira proposital. No local, diariamente são despejadas 600 toneladas de lixo doméstico.
Localizado na região do Coxipó da Ponte, o aterro sanitário fica em uma área onde a poeira é intensa e a fiscalização inexistente. O tempo seco, associado ao descuido, pode ter ocasionado as chamas, que queimaram boa parte dos resíduos que estavam em exposição.
Embora o secretário-adjunto da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, Raufrides Macedo, afirme que a área queimada seja pequena, a parte de trás do aterro demonstra a gravidade do problema e a extensão das chamas. O gestor municipal afirma que o incêndio mesmo já foi controlado com o uso de água e terra, restando apenas grande fumaça, potencializada pelo vento incessante. Porém, no topo do aterro vários focos de incêndio são vistos à distância, apontando que o fogo persiste. "Pela forma como ocorreu, acreditamos que alguém tenha ateado fogo no local. Incêndio espontâneo começa de outra maneira. Aqui, quando os monitores perceberam já havia alastrado em boa parte".
Como havia lixo de aproximadamente uma semana em decomposição, o material serviu de combustível. Desde o início do incêndio, todo resíduo coletado é acondicionado na antiga célula. Macedo garante que tudo será transferido para o local adequado quando não houver novos riscos de incêndio no aterro em funcionamento. Justifica que depositar o material na área onde tentam contornar o problema pode iniciar novos focos de fogo.
Conforme o secretário-adjunto, não há riscos de explosões, uma vez que a cada 1,5 metro de lixo é colocada uma camada de 50 centímetros de terra, funcionando como uma espécie de isolamento. Destaca que o aterro sanitário conta com várias válvulas que permitem a saída dos gases formados naturalmente pelo lixo acondicionado.
Controle – Quinze caminhões e 7 máquinas trabalham na área. A terra usada para encobrir o fogo é retirada de uma região lateral, o que também incomodou quem passa pela região. "Estão deixando somente buraco aí. Quando vier a época de chuva essa estrada vai acabar, porque a água vai escorrer direto para a pista", pontuou o motorista Eliaquim Rodrigues, que no sábado, quando o fogo começou, estava em uma chácara na região. Diante da quantidade de fumaça, não conseguiram ficar no local. "Não dava para enxergar nada na pista".
Comunidade – Com problema de bronquite e alergia, Ezília Frederico de Paula Souza relata que várias crianças e idosos da comunidade estão sofrendo com a quantidade de fumaça. Situação é agravada pela manhã e a noite. "Tem muita gente passando mal, com dor de cabeça, mal estar e dificuldade para respirar. Na comunidade tem a dona Ludovina, com 90 anos, que está sofrendo muito, está doente. Esse negócio fica abandonado aí, não tem segurança nenhuma, entra quem quer. Podem muito bem ter colocado fogo de propósito mesmo".
Para evitar que novos incêndios criminosos ocorram no local, a Secretaria vai intensificar a fiscalização e segurança no aterro sanitário. Macedo garante que cuidará das atividades de controle até não existir mais fumaça ou qualquer indício de fogo.
A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) foi procurada para que o órgão fiscalizador comentasse o assunto, mas os telefones celulares e fixo não foram atendidos.