Parte das 48 famílias que ficaram sem moradia e ainda foram agredidas durante uma reintegração de posse em Cuiabá fazeram uma manifestação em frente o Palácio Paiaguás, sede do governo de Mato Grosso. Eles querem uma solução por parte do governador Silval Barbosa, tanto para providenciar abrigos para as famílias. Também cobram apuração do fato e punição aos reponsáveis pela ação violenta que deixou cerca de 12 pessoas, entre adultos e crianças, feridas.
Na ação que teve início por volta das 11h desta quinta-feira (12) participaram policiais do 9º Batalhão da Polícia Militar e homens da Ronda Ostensiva Tático Móvel (Rotam) juntamente com um oficial de Justiça que deveria cumprir uma liminar que determinava o despejo dos ocupantes do terreno de 29 mil metros quadrados.
A ação truculenta dos policiais já chegou ao conhecimento da Casa Civil e do governador Silval Barbosa. Uma comissão composta por oito integrantes do acampamento, dois defensores públicos, o ouvidor da Defensoria Paulo Lemos, o sociólogo do Centro Burnier Fé e Justiça, Inácio Werner foi ouvida pelo secretário José Lacerda. Em seguida Lacerda repassou o fato ao governador que convocou o chefe do Comando Regional I da Polícia Militar, Tenente-coronel Jadir Metello da Costa para uma reunião de emergência. Também participam o ouvidor de Polícia de Mato Grosso, Teobaldo Witter, e a secretaria-adjunta de Justiça e Direitos Humanos, Vera Araújo.
O sociólogo Inácio Werner informou que o intuito é cobrar do governador uma providência imediata para amparar as famílias que foram despejadas e estão sem alimentação desde a manhã desta quinta-feira e sem onde passar a noite “A princípio precisamos amparar essas famílias que ficaram sem ter onde dormir. Também solicitamos providências para apurar o fato e punir os responsáveis pelo excesso e truculência”, diz.
Parte das vítimas já foi encaminhada para realizar exames de corpo de delito. Há informações que ainda existem algumas vítimas hospitalizadas. “Diversas crianças apresentaram hematomas de balas de festim e outras agressões”, relata Werner.
Em nota, o governo do Estado esclarece que a ação de despejo das famílias do Jardim Humaitá, localizado no Coxipó, na manhã desta quinta-feira (12), foi cumprida pelos oficiais de Justiça e com maquinário particular. Essa ordem de despejo não passou pelo Comitê de Conflitos Agrários, ligado à Casa Civil, que tem como procedimento padrão evitar qualquer dano às famílias nessas situações. Entretanto, dessa vez o Estado não foi informado da ordem de despejo a tempo de evitar o conflito.
Quanto às denúncias de abuso policial, o governo esclarece que serão apuradas e o Estado dará todo apoio às famílias por meio da Secretaria de Trabalho e Assistência Social.