Diante da polêmica sobre sua pregação no 26º Vinde e Vede, no último dia 20, na Capital, o padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior, pediu para se ausentar de Cuiabá durante esta semana a fim de procurar conselho espiritual e assistência jurídica. Antes, uma carta teria sido encaminhada ao Arcebispo de Cuiabá, Dom Milton Santos, assinada por 10 padres e 17 religiosos, pedindo seu afastamento de atividades de magistério e pregação.
"É coisa de família", explicou o arcebispo. "Às vezes um irmão tropeça em uma pequena pedra e quebra uma estante inteira, os outros querem que seu pai o castigue, mas não é isso que ele deseja", comparou.
Durante sua pregação, padre Paulo questiona quantos padres estão "no mundão", vivendo na festança e no pecado e critica o comportamento de alguns colegas como a não utilização da batina. Em seu comunicado, divulgado neste domingo (11), ele pede que seja levado em consideração o contexto e ressalta que sempre se incluiu entre os padres pecadores.
Para as colegas, as palavras não foram bem vindas e na carta que pede seu afastamento, os signatários se referem a ele como um homem amargurado, fatigado, raivoso, compulsivo e profundamente infeliz que expôs o sacerdócio a um sentimento de constrangimento e dor pelas ofensas, calúnias, injúrias e consequentes danos morais.
Segundo Dom Milton, antes de divulgar a carta em que pede para se ausentar da capital, padre Paulo o procurou. O arcebispo destaca, contudo, que não foi feita qualquer avaliação de pedido de afastamento. "Ele ministra aulas em uma instituição, não posso decidir sobre a prática do magistério lá, suas pregações são divulgadas em outros estados, onde também não há nossa interferência, mas nunca houve qualquer intenção de julgamento", explicou.
"É evidente que eu não tinha pretensão de expor naquela breve palestra toda minha visão a repeito do atual estado do clero católico", afirmou o padre em seu comunicado. Ele sustenta, contudo, que continua sendo sua opinião de que é uma verdadeira caridade para com os fiéis adverti-los de que a Igreja Católica luta atualmente contra uma crise do clero.