Um grupo de haitianos procurou a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para denunciar exploração no trabalho e más condições de moradia no município. Segundo a denúncia, eles estariam cumprindo jornadas acima do permitido por lei e recebendo menos do que trabalhadores brasileiros. Atualmente, existe cerca de 120 haitianos no município e a maioria trabalha na construção civil.
O presidente da OAB Sinop, Felipe Guerra, afirmou que os haitianos não informaram os nomes dos empregadores, pois temem represálias. “Eles não costumam reclamar do trabalho, preferem não dizer quem são os empregadores e até concordo com essa decisão. Mas em um momento oportuno, será investigado esta situação”.
Entre os problemas relatados pelos imigrantes está a falta de assistência médica. Muitos não fazem qualquer tipo de exame clínico há meses. A alimentação também é precária, segundo a OAB. “Eles mandam dinheiro para as famílias e ficam com muito pouco para eles mesmos. Não sobra dinheiro para se alimentar adequadamente. Muitos também chegam a morar em até 12 pessoas na mesma quitinete”.
A OAB pretende convocar uma reunião, na próxima semana, com vários órgãos e entidades com o intuito de auxiliar os trabalhadores. “Muitos têm cursos superior e trabalham como serventes de pedreiro. É um desperdício que um engenheiro civil formado trabalhe nesta ocupação. Então fizemos um levantamento para ajudar a encontrar uma profissão de acordo com suas formações”.
A maioria dos haitianos que procuraram ajuda da OAB possui apenas o visto provisório para ficar em Sinop. Dados do Ministério da Justiça mostram que, apenas no ano passado, mais de 13 mil haitianos conseguiram o visto permanente para permanecer no país.
A Organização Internacional para as Migrações (OIM), estima que mais de 50 mil pessoas dessa nacionalidade estarão em solo brasileiro até dezembro.