O plano B do governo do Estado para cadastrar imóveis residenciais para hospedar turistas no programa Cama e Café como forma de suprir a falta de leitos na rede hoteleira não surtiu efeito, uma vez que nenhuma das casas disponibilizadas pelos moradores foi reservada por visitantes em Cuiabá. O programa oferta um total de 445 leitos sendo 362 na Capital, outros 65 em Várzea Grande, mais 10 em Poconé e ainda 8 leitos em Santo Antônio do Leverger, todas nas proximidades da cidade-sede, num raio de até 130 quilômetros. Mas também não houve procura nesses locais.
Entre os motivos da falta de reservas estão os valores bem acima da média de R$ 60, valor estipulado pelo governo quando o programa foi lançado em novembro de 2013. No site do programa é possível verificar reservas em Cuiabá por R$ 500 a diária, em Várzea Grande por R$ 300, em Santo Antônio do Leverger por R$ 500 e em Poconé por R$ 300. A negociação é feita diretamente entre os interessados e as agências MVI Turismo e Monstreal Turismo, que são administradoras dos leitos junto com os donos das casas.
Além dos preços elevados com pouca diferença dos praticados nos hoteis, a Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa) alega que faltou divulgação do programa no exterior, nos países dos turistas que devem vir para Cuiabá assistir às partidas do Mundial que começam daqui a uma semana. O coordenador do programa, Paulo Fernandes atribui o “fracasso” do programa à baixa divulgação, que segundo ele, era de responsabilidade de Ministério do Turismo e da Embratur, autarquia especial do Ministério do Turismo responsável pela execução da Política Nacional de Turismo.
“A parte do governo de Mato Grosso foi feita que consistia na criação do portal para interlocução entre os moradores interessados em aderir ao programa, as empresas que administram e os visitantes interessados em alugar os leitos. O Estado também prestou consultoria, ofereceu treinamento aos donos das casas e fez a vistoria nos imóveis”, explica.
Foram oferecidos por meio do programa 2,1 mil leitos e de acordo com o governo de Mato Grosso, as famílias selecionadas para participar do programa receberam qualificação para melhor receber os turistas em suas casas. A meta era que pelo menos 1,5 mil leitos fossem reservados. O valor médio que cada hóspede deveria pagar por hospedar na casa casa dos moradores cadastrados seria de R$ 60.
Contudo, Fernandes explica que os valores cobrados pelos moradores ficaram bem acima dessa média, o que desmotivou os turistas que estavam em busca de preços bem abaixo dos praticados nos hoteis. “As agências informaram que está havendo muita reclamação dos turistas que esperavam encontrar preços menos no programa Cama e Café, mas não estão encontrando”. Ele disse que recebe a informação de que uma das agências conseguiu reservar 6 leitos e a outra conseguiu fechar 5 reservas. Contudo, não soube informar
O maior público estrangeiro que virá a Cuiabá é do Chile e da Colômbia nos dias de jogos das seleções. Dos 42 mil ingressos vendidos para o jogo do Chile, 68% são estrangeiros, o que representa 28 mil turistas. Contudo, a rede hoteleira tem capacidade de 23 mil leitos. Tem ainda os demais turistas de outros estados que virão para Cuiabá, motivo pelo qual o governo procurou viabilizar parcerias para a acomodação extra. Pelas previsões dos organizadores do Mundial em Mato Grosso havia a necessidade de pelo menos 12,8 mil hospedagens alternativas.
Ao lançar o programa em novembro de 2013, a Secopa dizia que além de suprir a falta de leitos hoteleiros, o Cama e Café tinha ainda o intuito de ampliar a demanda de hospedagem e proporcionar aos visitantes, em conjunto com a comunidade local, um intercâmbio cultural e uma experiência de contato com as cidades de Mato Grosso. A Secretaria de Estado de Desenvolvimento do Turismo no Mato Grosso (Sedtur-MT) também participa do projeto.
A iniciativa consiste num programa de hospedagem em residência com no máximo 3 quartos, para uso turístico, com serviços de café da manhã e limpeza, na qual o dono do estabelecimento resida. Pelas regras do programa, a residência poderia ofertar para uso turístico no mínimo 1 e no máximo 3 quartos sendo que cada quarto deveria conter no mínimo 1 e no máximo 3 camas. Não seria aceito imóveis alugados, mas somente imóveis próprios.