O ex-policial militar Claudemir de Souza Sales foi condenado a 25 anos e sete meses de prisão pelo homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e que impossibilitou a defesa), aborto provocado e ocultação de cadáver de sua ex-amante, Ana Cristina Wommer. O crime ocorreu em agosto de 2010 e foi julgado, ontem, em Cuiabá, o julgamento teve duração de 15 horas, terminando às 23h.
O crime ocorreu porque Ana pressionava o réu para assumir seu filho, a vítima estava grávida de oito meses. O ex-policial era casado e teve um relacionamento extraconjugal com a vítima. O exame de DNA realizado após a morte demonstrou que o filho não era dele. Mais uma vez, o acusado negou a autoria do crime, porém, confirmou ter encontrado a vítima na manhã do desaparecimento dela.
Quanto à criança que Ana Cristina esperava, Sales disse que sempre soube que não era o pai, alegando não ter se relacionado com ela. Teriam apenas “ficado”. A versão contradiz depoimentos anteriores do acusado e as informações prestadas pela mãe, pai e amiga da vítima no tribunal do júri. Os três afirmaram que Sales ia com frequência na casa da mulher. O colega de farda do acusado também relatou que sabia do relacionamento e chegou a levar Sales em um bar, onde Ana Cristina estava.
O advogado e assistente de acusação Hélio Nishiyama mostrou aos jurados um vídeo da audiência de instrução em que Sales garante ter sido coagido pela Polícia Civil a falar que podia ser pai da criança. Nas imagens, a juíza lembra que ele prestou depoimento na presença de várias autoridades da PM, advogado e representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Para o advogado de defesa, Waldir Caldas, os autos não continham provas do envolvimento de Sales na morte. Questionado sobre a presença de sangue no porta -mala do carro do réu, o defensor destacou que realmente foi encontrado, o material era humano, mas não falava se era da vítima.
Caldas alegou ainda que no dia da morte o réu saiu de casa, em Várzea Grande, às 7h26 para encontrar Ana Cristina no bairro Tijucal, em Cuiabá. E às 9h51 estava em uma festa no bairro Ribeirão do Lipa. “O tempo é comprovado pelos registros da empresa de telefonia. Seria impossível ele matar a mulher nesse período e ir para a festa. São bairros muito distantes”.