Os flagrantes de embriaguez ao volante tiveram um aumento de mais de 1000% na Grande Cuiabá se comparados os anos de 2012 e 2013. No ano passado, entre 1º de janeiro e 12 de dezembro, a Delegacia Especializada de Delitos de Trânsito (Deletran) instaurou 650 inquéritos policiais pela prática do crime, enquanto que em 2012 foram 60 procedimentos. Destes, 548 resultaram na prisão em flagrante dos condutores e outros 102 sem a prisão. Somente entre os dias 25 e 30 de dezembro a delegacia recebeu novos 20 flagrantes de motoristas embriagados presos em Cuiabá e Várzea Grande no período. Na noite de segunda-feira (30), o empresário C. P. M. L., 38, conduzia sua caminhonete S-10, com sinais de embriaguez quando atingiu um veículo Línea e deixou ferida em estado grave a condutora M.K.B., 30. O acidente ocorreu na rua Voluntários da Pátria, por volta das 23h. C. fugiu do local no veículo de um amigo, que acabou colidindo em um meio fio e foi abandonado ao ter o pneu estourado. O dono de uma rede de farmácias da Capital foi preso quando fugia a pé, na área central e se negou a fazer o teste do bafômetro. Pagou R$ 10 mil de fiança para responder pelo crime em liberdade.
Para o delegado Christian Alessandro Cabral, titular da Deletran, com as festas de final de ano aumentam as chances de novas prisões e acidentes provocados pela embriaguez associada a condução de veículos e motos.
Três operações integradas foram realizadas ao longo de 2013, envolvendo a Polícia Civil, Polícia Militar e secretarias de Trânsito e Transporte dos municípios de Cuiabá e Várzea Grande para coibir o crime. Tais ações, próximo a bares e restaurantes, onde frequentadores deixam o local dirigindo, mesmo após o consumo de bebida alcoólica, inibe por um período o comportamento. Mas não é a solução. Cético em relação a campanhas educativas, Cabral acredita que ações de fiscalização acompanhadas de repressão, com multas altas, podem reduzir o quadro crescente de violência e mortes no trânsito.
Hoje, a maior parte dos condutores quando preso, ao ser flagrado embriagado, paga fiança de um salário mínimo ou até menos. Não tem a carteira apreendida, ou se tem ela é devolvida em seguida e escapa da cobrança da multa administrativa, de R$ 1,9 mil. Esta multa deve ser expedida por policial militar habilitado ou agente de trânsito, muitas vezes não presentes no momento da autuação.
Em casos em que a embriaguez resulta em acidentes, inclusive com vítimas, a maior preocupação normalmente é com a documentação que proporcionará a liberação do respectivo seguro de acidentes pessoais. “Lamentavelmente, além de prescreverem com rapidez, os crimes de trânsito, em sua maioria, não contam com o interesse da própria vítima em ver o autor punido. Este por sua vez, não aceita ser tratado como criminoso”, desabafa o delegado.
As perspectivas para este ano de 2014 não são boas. Os 5 bafômetros (etilômetros) que atendem a Grande Cuiabá, estão concentrados na Deletran. Não está prevista para este ano a manutenção da parceria com o Inmetro, para continuar com a aferição deles, que precisa ser frequente. Em situações emergenciais, hoje a Polícia Civil recorre aos equipamentos da Polícia Rodoviária Federal (PRF).