Aplicativo para celular desenvolvido por pesquisadores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT), campus de Cáceres, faz com que os produtores de madeira teca identifiquem em tempo real qual a praga que prejudica o perfeito desenvolvimento da planta. O aplicativo foi desenvolvido pelo professor Alexandre Santos, junto com os estudantes de Engenharia Florestal do IFMT, Diego Arcanjo do Nascimento, e de Sistema da Informação da Faculdade do Pantanal, Ronivaldo Junior.
Essa é a primeira patente de produto tecnológico do IFMT. Os pesquisadores já estão com o código e, consequentemente, com os direitos assegurados sobre a inovação. Agora, eles esperam a finalização do processo de patente por parte do Instituto Nacional da Propriedade Industrial [Inpi]. Segundo Santos, na área de tecnologia a conclusão costuma ser mais rápida do que a industrial e o trâmite deve estar terminado em quatro meses.
Apesar de ter o direito da ideia garantido, o que assegura a possibilidade de cobrar pelo uso, o professor diz que o aplicativo está disponibilizado gratuitamente e já pode ser baixado no Google Play, com o nome Entoteca. A forma de usar é muito simples e a linguagem bem acessível. Por enquanto está disponível apenas na versão Android, mas está prevista a versão para o sistema operacional iOS, da Apple.
Segundo Santos, o produtor de teca só vai precisar responder as perguntas feitas no aplicativo e comparar a espécie encontrada com as fotos disponíveis. Dessa forma, conforme Santos, o combate é muito mais rápido e o estrago menor. Isso porque, antes, o produtor precisava mandar uma amostra do inseto para análise em laboratório e, só depois do resultado, começar a fazer o combate, o que levava até 30 dias. “Com esse aplicativo, você não tem mais o trabalho de mandar para alguém. Qualquer pessoa, qualquer colaborador da empresa é entomologista em potencial”. São 23 pragas registradas dentro do programa. Com três ou quatro passos já consegue chegar ao inseto.
O pesquisador cita como exemplo a lagarta desfolhadora, que come 24h por dia antes de virar mariposa ou borboleta. Um mês é o tempo suficiente para ela devastar tudo e completar seu ciclo. “Quando chega a resposta, parte do seu plantio foi comprometida consideravelmente”.
O cuidado se deve às exigências internacionais para o cultivo, para melhor eficiência no emprego de produtos químicos. Assim, é necessário saber exatamente o que vai ser combatido, pois o produtor terá que prestar esclarecimentos aos auditores internacionais e precisam manter a certificação ambiental. “O emprego de produtos químicos só é liberado com a exatidão sobre a espécie do inseto que está atingindo a floresta dele”.
Mato Grosso é o maior plantador de teca do país, chegando aos 65 mil hectares. Segundo dados da Associação de Reflorestadores de Mato Grosso (Arefloresta/MT), a produção estadual está localizada principalmente nos municípios de Cáceres, São José dos Quatro Marcos e Porto Esperidião, concentrando cerca de 70% da área plantada. Outros 20% estão localizados na região norte mato-grossense, em municípios como Juara, Alta Floresta e São José do Rio Claro. Também é cultivada em Nobres (5% da área) e Rosário Oeste e Água Boa (outros 5%).