O incêndio criminoso no Parque Estadual Gruta da Lagoa Azul, localizado em Nobres (região Médio Norte), foi contido, ontem à tarde. A equipe do Batalhão de Emergências Especiais (BEA) composta por frentes com atuação aérea e por terra permanecerá no local até a extinção completa do fogo, que segundo o tenente coronel Paulo André Barroso, comandante do BEA, deverá acontecer entre hoje e amanhã.
Conforme Barroso, por enquanto não é possível quantificar oficialmente a área total atingida, estima-se que entre 30% e 40% dos 12 mil hectares do parque, mas esse valor só poderá ser confirmado na segunda-feira (24) quando serão concluídas as análises via satélite, com o apoio da equipe técnica da Sema. “Como esta é uma região montanhosa e irregular, não podemos falar em um número exato ainda”.
Neste combate estão envolvidos 37 oficiais do BEA, quatro veículos ARF (Auto Rápido Florestal), que tem capacidade para 700 litros de água, e uma equipe aérea com capacidade de resposta de 3,1 mil litros de água. A viatura ABTF (Auto Bomba de Tanque Florestal) não pode ser usada, embora comporte maior capacidade de água, devido ao relevo da região. O comandante salienta que já estava com uma equipe de reforço para enviar ao município, via aérea e por terra, neste sábado. “Assim que soubemos do sucesso dos trabalhos, além do alívio, também cancelamos os envios. Esses oficiais irão para outros pontos continuar no monitoramento das queimadas”.
Ele reforça que o laudo pericial que apontará o autor do ato criminoso deve ficar pronto na próxima semana. “Vamos responsabilizar administrativamente e criminalmente as pessoas que estejam fazendo uso do fogo neste período, já temos imagens de satélite apontando as localizações geográficas e também outros detalhes importantes que nos dão subsídios para isso”. Os laudos referentes aos incêndios criminosos em Manso e Vila Bela da Santíssima Trindade também ficam prontos esta semana.
O primeiro sobrevoo no parque ocorreu na tarde de quarta-feira (19.08), quando os oficiais do BEA identificaram a proporção do incêndio, que naquele momento estava incontrolável e chegou a atingir uma faixa de 10 km do parque, no alto da serra. As equipes do Corpo de Bombeiros e da Sema deram resposta imediata e estão mobilizadas desde quinta-feira (20) para conseguir a contenção do fogo. A proposta era evitar que se repetisse o episódio de agosto de 2009, quando 80% do parque foram queimados.
O coordenador de Unidades de Conservação e Áreas Protegidas da Sema, Alexandre Batistella, reforça que os prejuízos das queimadas e incêndios florestais afetam fauna, flora e a própria população, já que a fumaça em geral acaba seguindo para as cidades, provocando inúmeros problemas respiratórios.
No caso dos animais silvestres, em razão da localização geográfica íngreme e isolada, como não têm como sair, acabam morrendo. “Nós, mais uma vez, pedimos às pessoas que não usem fogo nesta época do ano, qualquer descuido pode gerar danos irreparáveis. O problema das queimadas não é apenas do poder público é de todo cidadão”.
Durante o sobrevoo de monitoramento, realizado na tarde de quarta-feira (19), a equipe do BEA identificou pessoas no entorno do parque utilizando o fogo. Naquele momento não foi possível descer com a aeronave para efetuar o flagrante, porém, as coordenadas geográficas do local estão anotadas e o próximo passo será realizar a perícia para obter a responsabilização criminal de quem desrespeitou a legislação ambiental. Em 2009, um assentado do Coqueiral iniciou o incêndio ao atear fogo nas leiras ao longo da roça de mandioca, prática comum no manejo e limpeza de áreas rurais.