Após o anúncio da paralisação dos atendimentos de obstetrícia para as pacientes do Serviço Único de Saúde (SUS) no Hospital Santo Antônio (Fundação Comunitária de Saúde), as gestantes estão sendo atendidas em locais improvisados no município. Uma fonte informou, ao Só Notícias, que, desde ontem, três pacientes foram encaminhadas para Sorriso e uma para Colíder. Entretanto, outras duas gestantes tiveram que ser atendidas na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e outra no próprio Hospital Regional, ambos sem estrutura para partos. “Tem que torcer para dar tudo certo. Se houver alguma intercorrência, aí complica. Ontem à noite, o quadro de uma das gestantes não evoluiu para parto normal. Ela teve que aguardar uma vaga até esta manhã para ser encaminhada com urgência à Sorriso”, relatou um dos funcionários, que preferiu não se identificar.
De acordo com o profissional, os demais pacientes do hospital também foram prejudicados em razão do deslocamento de plantonistas para atendimento de gestantes. “Eles foram orientados a procurar a UPA ou os postos de saúde. Foi necessário priorizar os casos emergenciais. A unidade está funcionando de forma parcial. Apesar disso, os pacientes entenderam que é uma situação excepcional e não houve nenhuma reclamação”.
O funcionário ainda criticou a falta de respostas por parte do governo do Estado e demais autoridades políticas. “Os trabalhadores e os pacientes estão sendo submetidos a um risco desnecessário. O que eu acho mais lamentável é que, nestas horas, você não vê um vereador, um prefeito ou um deputado correndo atrás de uma solução. Ficamos sabendo da intervenção no Hospital Regional de Sorriso. Parece que estão resolvendo outros problemas, e nós, que temos o mais forte hospital da região, ficamos para trás”.
Conforme Só Notícias já informou, os plantões médicos no Hospital Regional também podem ser suspensos devido a quatro meses de atrasos salariais. Ainda estaria indefinido o pagamento deste mês. A previsão é que, se os pagamentos não forem regularizados, os plantões serão paralisados em 15 dias. Com a situação alguns médicos também teriam pedido demissão. Dos 11 para escala de plantões, 5 entraram com pedido para sair. A preocupação é quanto a escala do próximo mês que com esse quadro poderá não ser fechada.
Em ofício enviado ao secretário de Estado de Saúde, Marco Bertúlio, datado de 19 de maio, a situação é exposta e além dos problemas nos pagamentos dos salários, outros são destacados, como a suspensão de procedimentos cirúrgicos devido a falta de materiais, rouparia e medicamentos necessários; equipamentos sem manutenção de rotina, ocasionando desgaste e até mesmo a inutilização; falta de combustível em ambulâncias para remoção de pacientes; falta de medicamentos no estoque da farmácia; falta de itens básicos como luvas; falta de rouparia para realização de cirurgias, nas enfermarias e Pronto-Socorro; obra inacabada no Pronto-Socorro e telefones bloqueados devido a falta de pagamento.
Além dos procedimentos de obstetrícia, também foram suspensos os atendimentos de oncologia (tratamento de câncer) no Santo Antônio. A medida, segundo o diretor da unidade, Wellington Randall Arantes, é por falta de contrato. “Simplesmente o hospital não tem mais contrato com o Estado. A parte do SUS não será mais atendida, com exceção daqueles pacientes que ainda estão na unidade”.