O aposentado Carlito Lemes Correa será julgado pelo Tribunal do Júri por homicídio qualificado por motivo torpe, sem possibilidade de defesa da vítima e por porte ilegal de arma de fogo. A decisão é da juíza da 2ª Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher em Cuiabá, Tatiane Colombo. A audiência de instrução e julgamento do réu confesso foi realizada, ontem à tarde, no Fórum da Capital.
Ele é acusado de assassinar a esposa Rosa de Miranda Correa Lemes com um tiro de espingarda. O crime aconteceu no dia 19 de outubro do ano passado, no Assentamento Rural Pai Joaquim, no Distrito da Guia. O casal vivia junto há mais de 35 anos e tinha cinco filhos – três mulheres e dois homens.
Na audiência, foram ouvidas cinco testemunhas, sendo duas filhas do casal. Uma delas revelou que a mãe chegou a ligar para pedir socorro. “Eu estava em Cuiabá quando minha mãe ligou pedindo ajuda, dizendo que meu pai iria matá-la. Pedi para que ela se mantivesse longe dele. A ligação caiu e quinze minutos depois recebemos a notícia de que ela estava morta. Foi um tiro a queima roupa, em cima do coração”.
Fabiane explica que o pai não era violento, mas que se transformava quando bebia. “Ele maltratava e xingava a minha mãe, mas ela não queria se separar. Se soubéssemos que terminaria assim, teríamos tirado ela de casa”, conta a filha do casal, acrescentando que Rosa era uma esposa exemplar, que cuidava muito bem da casa e do marido. “Minha mãe cuidava dele, idolatrava ele. Por isso não tem explicação o que ele fez”.
A filha da vítima enfatiza que o pai teve oportunidade de se tratar, de combater o vício na bebida, e ressalta que o crime abalou toda a estrutura familiar. “Todos nós estamos muito abalados, alguns dos meus irmãos estão calados. Somos cinco pessoas nos apoiando umas nas outras para tentarmos nos reerguer”.
Ela finaliza dizendo que é uma situação muito difícil. “Ele vai ficar preso, mas terá a oportunidade de recomeçar. A minha mãe não. Ela não teve chance nem do socorro”.