O número de focos de queimadas em Mato Grosso registrado por satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), nos dois últimos anos demonstram a fragilidade dos sistemas de controle e fiscalização, bem como das inúmeras facilidades nos processos contra infratores
De janeiro de 2016 até 13 de julho, já contabilizam 7.676 focos. Neste mesmo período em 2015 foram 5635 focos. O Brasil gasta bilhões com sistema de detecção de focos com alta tecnologia para localizar e registrar os pontos, mas nada disso tem coibido que florestas e unidades de conservação deem lugar ao fogo prejudicando a flora e a fauna.
Não é de hoje que pesquisadores e autoridades apontam que fatores climáticos como o El Niño, que está mais intenso neste ano do que a média dos anos anteriores, deixam o clima seco por mais tempo, o que, somado à baixa umidade relativa do ar, contribui para o aumento de focos de queimadas em Mato Grosso.
Recentemente, o Corpo de Bombeiros anuncio que 86,74% dos focos de calor estão concentrados em propriedades privadas. O restante é distribuído em projetos de assentamento (4,28%), terras indígenas (7,02%), unidades de conservações federais e estaduais, (0,58%) e (0,94%), respectivamente, e a região metropolitana de Cuiabá (0,44%).
Para a fauna os riscos são devastadores, basta ver nas estradas os animais atropelados ou perambulando nas rodovias. Veterinários afirmam que ao se deparar com o fogo o animal entra em desespero e seu primeiro instinto é de fuga. Mas se o animal tiver filhote ou ninho esse instinto é abalado, levando ele e sua família a permanecerem no local e acarretando, assim, queimaduras de primeiro a terceiro grau e intoxicação respiratória, podendo inclusive levar a óbito.
As queimadas e os incêndios durante a seca no Cerrado e na Amazônia se devem quase que totalmente à mão do homem e acontecem para renovação forçada de pastagens naturais que alimentarão rebanhos e também para a limpeza de áreas antes ou após desmatamentos, conforme o governo federal.
Pesquisador da Embrapa Cerrados, José Felipe Ribeiro comenta que a ocorrência e o uso indiscriminados do fogo facilitam a reprodução rápida e oportunista de espécies por vezes estranhas ao bioma, como gramíneas de origem africana. “Parte dos nutrientes das plantas e do solo são eliminados pelos incêndios e podem ser carregados pelo vento, promovendo a substituição e o empobrecimento da vegetação nativa do Cerrado”, disse.