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Estudante de MT que vai para Nasa relembra sua história de superação

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Chamada de louca, esquisita e alienígena, por pessoas que não compreendiam a sua paixão por astronomia e astronáutica, Maria Gisllainny Bezerra da Silva de 18 anos poderia apenas desistir dos seus sonhos. Porém, a jovem escolheu perseverar e, com o apoio da professora de matemática Silvana Stoinsky, conseguiu mudar o ponto de vista dos colegas da Escola Estadual 13 de maio, em Tangará da Serra, sobre a ciência aeroespacial e os contagiou com a sua curiosidade sobre o céu e o universo.

A caminhada de Maria começou em Serra Talhada, no sertão de Pernambuco, onde nasceu, passou por Tangará da Serra e agora segue para a Nasa, a agência espacial americana, que ela irá conhecer em setembro. Sua história foi contada em uma palestra que Maria apresentou na tarde dessa quinta-feira (16.06) para mais de cem servidores da Secretaria de Estado de Educação, Esporte e Lazer (Seduc).

A jovem já palestrou em escolas e eventos relacionados a ciência e tecnologia, mas para no máximo 70 pessoas. “Dessa vez pediram para eu falar mais sobre mim, a minha professora, a trajetória até aqui. Quando cheguei e vi o tamanho do auditório pensei ‘uau!’. A minha expectativa é instigar, incentivar os professores a trabalhar com os alunos, como a professora Silvana fez comigo, ela me proporcionou o apoio que me faltava”, pontua a estudante.

Seu pai é operador de máquinas e mergulhador de uma hidrelétrica e a mãe é dona de casa. Muitas vezes, eles não entendiam seu interesse pelo assunto. Já a sua irmã de 15 anos acabou sendo colaboradora involuntária de suas invenções.

Os colegas de escola estranhavam sua ânsia por conhecimento, o que provocou isolamento social e influenciou negativamente sua saúde. Tudo mudou quando ela começou o Ensino Médio e conheceu a professora Silvana na escola 13 de Maio. “Eu queria apresentar aos meus colegas aquilo que só eu conseguia ver e ela me ajudou em 2012, fizemos uma noite de observação do céu, depois disso, um amigo do meu pai construiu uma luneta e me orientou em algumas pesquisas”.

Em 2014, Maria fez uma palestra para estudantes e professores, e no final do ano realizou uma oficina sobre astronomia, junto com a professora. Em 2015, conseguiu reunir um grupo para observar o eclipse lunar.

Para a jovem, é possível inserir a astronáutica e a astronomia em todas as disciplinas lecionadas nas escolas. Ela cita a história dos acontecimentos da ciência aeroespacial e as funções matemáticas utilizadas no desenvolvimento da ciência. “Certo dia alguém me perguntou no Facebook o que as pessoas fazem no espaço. Porque ir lá? As pessoas nem estariam nas redes sociais se não fossem os avanços tecnológicos proporcionados pela ciência. Por isso precisamos incluir esses conhecimentos nas aulas”, defendeu.

Um dos seus primeiros objetivos já foi alcançado: conhecer seu ídolo, o tenente coronel da Força Aérea Brasileira (FAB) Marcos Pontes, o primeiro brasileiro a ir ao espaço. “Ele é uma inspiração para os jovens brasileiros. O meu sonho era conhecê-lo e dizer obrigada por tudo”. O encontro ocorreu durante a 12ª Semana Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, realizada em 2015 em Cuiabá, pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, em parceria com a Seduc.

Durante o encontro, o astronauta brasileiro falou sobre uma prova realizada pela Nasa. Maria Gisllainny participou do concurso, venceu e agora terá o direito de conhecer a Nasa e ser cientista por um dia. Seu próximo passo antes do objetivo final: ir ao espaço. A viagem está programada para setembro.

A jovem explica que pela não adesão do Brasil ao concurso, não havia garantia de que mesmo com o texto selecionado ela poderia ir para os Estados Unidos. “Quando cheguei ao Encontro Internacional e conheci um dos gerentes da Nasa, Charles Lloyd, contei o meu sonho e insisti tanto que consegui o compromisso dele em me receber lá em setembro”.

Coincidentemente, outra estudante de Tangará da Serra, Nathália de Lima Catanante, de 16 anos também teve o texto selecionado no mesmo concurso. A estudante do 3º ano conta que o interesse pela astronomia surgiu com um incentivo indireto do pai, que a levava junto com o irmão mais novo para admirar as estrelas. O encantamento se tornou curiosidade científica.

Com a evolução acadêmica tornou-se perceptível a habilidade de Nathália para as disciplinas exatas, sendo física a predileta, o que a leva a querer ingressar no próximo ano em um curso de engenharia aeroespacial e ser uma pesquisadora da área.

Dessa forma as meninas tem um plano: Nathália cria as tecnologias e os foguetes que levarão Maria para o espaço.

Por intermédio da Seduc, as duas jovens tiveram a oportunidade de visitar a Estação de Recepção e Gravação de Cuiabá, no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), nessa quinta-feira (16.06).

Maria e Nathália, acompanhadas de educadores, foram recebidas pelo responsável técnico da Estação, Luiz Eduardo Carneiro. Ele explicou que a base é a 3ª estação terrena mais antiga do mundo e gerencia imagens de satélite e recepção de dados com informações como tempo, clima, queimadas, desmatamento, que envolvem conservação da biodiversidade, desastres ambientais e monitoramento das florestas, por exemplo.

Luiz Eduardo Carneiro destacou a importância do incentivo à pesquisa aos jovens, pois desde a época de estudante se interessou pela pesquisa realizada no Inpe e foi incentivado pelos professores.

A fala do técnico é endossada pela professora Elizabeth Lorenzon. “Eu trabalho no sentido de oportunizar experiências aos estudantes. Porque a busca de conhecimentos sempre vai existir, mas a escola precisa ir além, é o lugar onde devem ser trilhados os caminhos, que levam a conquista de sonhos. Como os da Maria e da Natália”.

Além das professoras as jovens foram acompanhadas por técnicos da Seduc e o assessor pedagógico de Tangará da Serra Saulo Sariot.

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