“Uma aluna que precisava de uma oportunidade”. Esta foi a conclusão do secretário adjunto de Política Educacional da Secretaria de Estado de Educação, Esporte e Lazer (Seduc), Gilberto Fraga de Melo, ao conversar com a jovem Maria Gisllainny Bezerra da Silva, que sonha ser astronauta. Em visita à Seduc, na segunda-feira (06.06), ela foi convidada a ministrar uma palestra aos servidores da pasta e a visitar o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em Cuiabá. As datas do evento e da visita ainda serão agendadas.
A trajetória de luta da garota que, desde pequena alimenta o desejo de se tornar cosmonauta, mescla descrédito de professores, indiferença de colegas de escola e até mesmo falta de apoio dos pais. Tais situações, no entanto, não a fizeram abandonar seu objetivo. Aos 18 anos, ela almeja conseguir os recursos necessários para ir à Agência Nacional Americana (Nasa) em setembro deste ano, fato que considera um avanço na preparação para a tão sonhada viagem ao espaço, uma meta encarada como profissão.
Em 2015, graças a sensibilidade de uma professora que se intrigou, no bom sentido da palavra, em descobrir porque aquela garotinha era de poucos amigos, vivia encolhida na sala e sempre com um caderno debaixo do braço. “Até hoje ela me assusta com tanta informação. O normal é um professor ensinar em sala, mas foi o inverso, eu que aprendi com o nível de conhecimento dela. Sou professora de Matemática, mas leciono Física e ao terminar uma de minhas aulas, perguntei para Maria se gostaria de complementar. Para meu espanto, ela deu um show, desenhou o céu no quadro e abriu o leque de conhecimento que armazena. De tão interessados, os alunos até pediram para desligar os ventiladores para ouvirem melhor. Os colegas ficam em total silêncio quando ela começa a palestrar”, revela a professora Silvana Stoinski, que passou “a viver o sonho da Maria”.
Além do conteúdo, o secretário adjunto acredita que “a determinação dela é muito substancial”. Ele ressalta que o papel do professor em incentivar os alunos é fundamental para estas conquistas. “Tem muita gente ocultada por ações deliberadas por nós, professores, ou seja, por profissionais que não entendem porque aquela menina está encolhidinha. Se nós nos dispusermos a aprender dá nisso. A professora, no papel de mestre, viu o diferencial na menina e mais que isso, deu liberdade ao seu potencial”.
Gilberto Fraga também pondera que os professores estão (nós estamos, pontuou) acostumados a ver os alunos como sendo todos iguais, da mesma idade. “Não enxergamos a inteligência individual que resulta no que vemos agora, na Maria Gisllainny, que está em processo, porque não é o final. Isso porque ela sabe dimensionar as diferenças e enfrentá-las rumo às suas conquistas. O possível os normais fazem, você fez o melhor”, disse ele ao apontar para a garota.
Alguns objetivos a estudante e ‘pesquisadora espacial’ já atingiu. Um dos principais foi conhecer o astronauta brasileiro Marcos Pontes. Outro foi ter sido selecionada no concurso internacional de redação “Cassini – Cientista por um dia”, realizado pela Nasa, no qual apenas três estudantes foram selecionados. E foi nesta iniciativa que ela viu ampliarem os horizontes e, consequentemente, a possibilidade de ir à agência espacial.