sábado, 21/setembro/2024
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Moradores da primeira capital lembram tradições e cultura no aniversário de MT

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No ano de 1748, ao ser desmembrado da capitania de São Paulo, nascia a Capitania de Mato Grosso, hoje uma das 27 unidades federativas do Brasil, que neste 9 de maio comemora 268 anos de criação. Apenas quatro anos depois, em 1752, foi fundada a primeira capital do Estado, Vila Bela da Santíssima Trindade. Lá, a cultura e tradição são encontradas intactas como nos primeiros tempos e remontam a história de Mato Grosso e dos mato-grossenses.

Entre as tantas manifestações culturais históricas em Vila Bela, destaque para a Dança do Chorado e o Congo que, pelas lembranças de Elísio Pereira, 76 anos, herdadas por cada geração de sua família que nunca saiu da cidade, são resultados da influência africana trazida por escravos que habitaram aquelas terras.

“Nasci em Vila Bela e desde criança me ingressei na cultura da cidade. Procurei conhecer nossa história desde seus princípios. Conhecer seus 264 anos. Meus pais e meus avós me contavam que o Congo e o Chorado vieram da África e fazem parte da cultura dos primeiros escravos que habitaram aqui e queriam um pouco de sua pátria para lembrar”.

Segundo Elísio, no tempo dos capitães generais, os primeiros que comandaram a região Oeste de Mato Grosso, as únicas festas que aconteciam eram as de santos, já que os ocupantes eram católicos. “Festa de verdade, que até hoje acontecem pelas nossas ruas, como as serenatas e vários dias de dança, isso era por conta dos escravos. Eles é que sabiam se divertir”, afirma Elísio, rindo como quem tem autoridade no assunto.

A primeira sede do governo em Vila Bela foi o Palácio dos Capitães Generais, que foi reformado e voltou à ativa com o trabalho do governador Pedro Taques, que também transferiu o governo para a cidade este ano, em 19 de março, aniversário de Vila Bela.

“É um sonho ver o retorno do Palácio dos Capitães Generais. Quando descobriram nossa prainha, pela equipe de Bandeirantes, entre eles estava Pascoal Moreira Cabral, que nos deu o nome de Porto da Pescaria. Só depois recebemos o nome de Vila Bela da Santíssima Trindade. História é bom. É bom para gente relembrar e valorizar”.

Eulinda Fernandes, de 55 anos, também é um exemplo de que a história se mantém viva. Ela vive da pesca em Vila Bela e, como tantas outras mulheres de sua cidade e em muitas outras regiões de Mato Grosso, teve seus sete filhos em casa. A parteira: sua própria mãe, Anelinda.

“Numa parte o progresso é bom, a cidade cresceu, ganhou infraestrutura, mas tenho medo que o passado se perca. As coisas foram se apagando. Antigamente o pessoal fazia serestas, tocava viola na rua, quase todos os dias. Se tinha um aniversário, a cidade se unia e fazia serenata na casa da pessoa”, lembra.

Eulinda se recorda de, quando criança, os índios “vinham passear” na cidade. “Era um desespero. As mães tinham medo, mas eu acho que era divertido. Conheci os índios quando eles invadiam a cidade. Eu ia lá pra ver eles assarem as caças no borralho. Faziam as comidas e ofereciam pra gente. Foi tudo muito bom e hoje muito distante também”.

Eulinda e Elísio concordam que, para o futuro, o melhor seria ver o passado voltar. “Gostaria que o Governo olhasse sempre por Vila Bela e por seu povo. Nós somos uma herança de um passado grandioso. Defendemos as terras mato-grossenses da expansão de outros vizinhos. Queremos nossa cultura viva. Nossos filhos sabendo de onde vieram. A história de Mato Grosso começou aqui e nosso valor vem dessa terra”, afirmou Elísio.

A Capitania de Mato Grosso foi criada em 9 de maio em 1748, após ser desmembrada da Capitania de São Paulo. O primeiro governador foi Antônio Rolim de Moura, de 1751 a 1765, que fundou a primeira capital Vila Bela da Santíssima Trindade.

O governador João Carlos Augusto d’Oeynhausen e Gravemberg, que governou de 1807 a 1819, iniciou a transferência da capital de Vila Bela para Cuiabá. A mudança da capital foi em decorrência da distância e dificuldade de comunicação com os grandes centros do Brasil. Por dificuldades na administração, a capital retornou a Vila Bela e somente em 1825, por um decreto de Dom Pedro I, a capital ficou definitivamente em Cuiabá. Com a proclamação de Independência do Brasil todas as capitanias se tornaram províncias.

Depois de uma pequena divisão do Estado durante a Revolução Constitucionalista (1932), ocasião em que o sul de Mato Grosso aproveitou a situação e formou um pequeno governo durante 90 dias, em 1977 o governo federal decretou a divisão do Estado de Mato Grosso, formando então Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, devido às “dificuldades em desenvolver a região diante da grande extensão e diversidade”.

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