O emprego de mão de obra de reeducandos nas atividades extramuros possibilita além da economia gerada com os contratos em órgãos públicos e empresas privadas, uma vez que os custos de contratação são menores, a chance de qualificação do apenado e maior possibilidade de ressocialização.
O diretor do Centro de Ressocialização de Cuiabá, Wincler de Freitas Lenes, lista que além das secretarias parceiras, ainda contam com o trabalho dos reeducandos, entre outros, o abrigo Lar Doce Lar, a Iomat, Politec, Bombeiros, Bope, Rotam, 1º batalhão, Grupo de Cavalaria, Grupo de Operações Especiais da Polícia Civil, Arena Pantanal, prefeituras de Cuiabá e do interior, Ministério Público Estadual e empresas privadas. O diretor lembra que é um direito dos internos trabalharem e que a carga horária geralmente é das 7 às 17 horas, com intervalo de almoço. “Não oferece risco nenhum à população. Além do acompanhamento psicológico, eles são fiscalizados por tornozeleiras eletrônicas via satélite e controlados por policiais ou agentes penitenciários. Além da carteira assinada e da ajuda à família, é uma grande economia para o contratante. Ressocialização importante para reintegrar à sociedade, de forma digna”.
Entre as empresas privadas, a loja de colchão Pantanal tem oito recuperandos do regime semiaberto em seu quadro. O gerente Amilcar Guidetti afirma que a empresa tem uma seleção rigorosa e o centro de ressocialização encaminha o perfil exigido, avaliando a parceria como produtiva e o retorno imediato. “É difícil errar. Eles tem um trabalho diferenciado, abraçam a oportunidade e trabalham de forma assídua e competentes. Ele fazem o mesmo trabalho dos outros funcionários e nós damos os mesmos direitos, como auxilio alimentação, uniforme, 13º, mesmo não sendo obrigados”.
Histórias diferentes, mas com objetivos iguais: a ressocialização. No abrigo Lar doce Lar, o que se vê são novatos na função de eletricista, que aproveitaram a parceria do Senai ou os cursos gratuitos oferecidos pelo Pronatec para se qualificarem dentro da penitenciária, ajudando experientes pedreiro, que estão usando todo seu conhecimento para a reforma do abrigo, no projeto coordenado pela primeira dama Samira Martins, por meio do Núcleo de Ações Voluntárias.
Entre os reeducandos que estão prestando serviço no abrigo está Eudino Santos Pessoa, que se qualificou como eletricista pelo Senai em 2013. Ele comemora a oportunidade de trabalhar e ajudar no seu sustento e no da sua família. Assim como Eudino, Juscelito Dutra, de 49 anos, ajudante de serviços gerais, faz artesanato nas horas vagas, função que aprendeu no presídio e que complementa sua renda. Exercendo a função de segurança durante toda a vida, ele mantém o sonho de voltar para o antigo emprego. “O extramuros é um bom projeto, que ajuda na comunicação com a sociedade e na ressocialização. Além claro, da qualificação para o mercado de trabalho”.
O serviço é vigiado de perto pelo agente penitenciário Eduardo Amorim, que avalia de forma positiva o extramuros, destacando que a qualificação para o mercado de trabalho é o centro da ressocialização. A reforma é coordenada pelo engenheiro eletricista Heber Salomão, que fiscaliza as obras pela Secretaria de Cidades. Heber destaca que o trabalho superou suas expectativas e exalta a convivência entre os que cumprem penas e os moradores do abrigo, a maioria portadores de deficiências mentais. “Está sendo uma experiência maravilhosa, um aprendizado diário. Os moradores do abrigo os abraçam e convivem diariamente, observando tudo que eles fazem. É essencial para a ressocialização esse contato entre eles”.