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Famílias dos pilotos contestam Cenipa e apontam falha no avião de ex-presidenciável

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Os advogados das famílias do piloto Marcos Martins e do copiloto Geraldo Magela da Cunha, que comandavam o avião no qual morreu o então candidato à Presidência da República, Eduardo Campos, contestaram as conclusões do documento apresentado ontem pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) e apresentaram hoje (20), na capital paulista, um relatório alternativo sobre o que teria causado o acidente. De acordo com o Cenipa, a falta de capacitação dos pilotos para operar a aeronave foi um dos fatores que contribuiu para a tragédia.

Contratado pelas famílias dos pilotos, o comandante Carlos Camacho, especialista em acidentes aéreos que trabalha no caso, defende que houve falha no sensor de velocidade, cuja função é posicionar o estabilizador horizontal da aeronave. Um erro no funcionamento desse sensor, que é automático, provoca o abaixamento abrupto do nariz da aeronave, o que teria ocorrido no acidente em Santos.

Com a situação, explicou Camacho, os pilotos não tiveram tempo e altura suficientes para reposicionar o avião. Camacho destaca que o fabricante da aeronave, um modelo Cessna 560 XL, emitiu aviso de que o processo do recolhimento do flap com velocidade acima de 360 quilômetros por hora poderia provocar essa falha e gerar um acidente.

Os advogados do caso, Josmeyr Alves Oliveira e Ruben Seidl, citam duas falhas semelhantes, envolvendo o mesmo modelo de avião, mas que não resultaram em acidentes com mortes, uma vez que os pilotos voavam em alturas superiores. O avião de Eduardo Campos, por sua vez, estava a apenas 300 metros do solo.

Os advogados refutaram a hipótese de falta de capacitação dos pilotos. Ruben Seidl disse que eles tinham todo treinamento adequado e contavam com experiência na aviação. Os dois fizeram, juntos, 90 voos naquele mesmo avião. “Nenhum candidato à Presidência da República pegaria um novato para pilotar a aeronave, isso é bastante óbvio. Nós contestamos essa versão”, disse.

Para a defesa, os pilotos não estavam sob efeito da desorientação espacial no momento do acidente, já que tiveram a clareza para, após a arremetida, desviar do Monte Serrat, em Santos.

Josmeyr disse que os parentes dos pilotos ficaram indignados com o resultado da investigação do Cenipa. “Foi muito falado dos pilotos, em 70% do tempo falaram deles”, reclamou o advogado. Para Josmeyr, faltou uma análise aprofundada sobre as condições da aeronave.

Simulação – os advogados criticaram ainda a falta de realização de uma simulação de voo. “Disseram que não puderam fazer porque o processo criminal corre em Santos e a empresa que poderia ter cedido o equipamento não poderia passar por cima da investigação da Polícia Federal”, disse Josmeyr. “Esse vazio nos deixou muito intrigados”, complementou.

Ruben argumenta que a Lei 12.970 de 2014, que dispõe sobre o sistema de investigação de acidentes aéreos, determina que o Cenipa tem preferência sobre qualquer outro órgão investigativo na utilização do simulador. “Ou seja, tinha prerrogativa legal, mas não quis usar, preferiu omitir-se”, declarou. De acordo com ele, a falta de evidências foi a justificativa do Cenipa para que a simulação não tenha sido feita.

Os advogados disseram que vão enviar o relatório apresentado hoje para os Estados Unidos, onde corre um processo contra o fabricante do avião, a empresa Cessna. As famílias pedem uma indenização que pode chegar a 600 milhões de dólares.

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