Os motoristas do transporte coletivo de Cuiabá e Várzea Grande ameaçam paralisação, nesta quarta-feira (13), por atrasos nos pagamentos dos salários. A informação foi divulgada pelo Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores do Transporte Coletivo (Stett).
O presidente do sindicato, Ledevino da Conceição, explica que o atraso no pagamento dos motoristas vem desde agosto do ano passado. “Começou com um dia, depois 2 e hoje já chegamos até 4 dias de atrasos. Cada mês que passa a situação piora. O setor administrativo já chegou a receber dia 20 e o de manutenção dia 10”.
Segundo o sindicato, as empresas alegam que há defasagem no preço da tarifa e também atraso no repasse do passe livre estudantil há quatro meses e a cobrança do ICMS sobre prestações de serviços de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação (ICMS) referente ao óleo diesel. A cobrança estava suspensa e foi retomada no primeiro dia deste ano.
De acordo com o Stett, a empresa Pantanal Transportes se comprometeu a quitar a folha de pagamento até o final do dia de hoje. A Integração Transportes pagará 80% do quadro de funcionários hoje também. O maior problema é a Norte Sul, que atende a região do Coxipó e CPA onde os trabalhadores receberam apenas 40% do salário no último dia 8 e a empresa afirma que não tem condições de pagar os 60% restantes.
Na tentativa de uma negociação, Ledevino está reunido neste momento com representantes da Associação Mato-grossense dos Transportadores Urbanos (MTU) na tentativa de evitar a paralisação. “Nós sabemos quanto uma greve afeta a população e iremos trabalhar para evitá-la".
Ele explicou que os representantes do sindicato vão para as garagens a fim de garantir a saída de motoristas que já receberam os salários.
Cerca de 520 mil pessoas utilizam todos os dias coletivos em Cuiabá e Várzea Grande. Quatro empresas são responsáveis pelas linhas em operação.
O presidente do Stett acredita que os empresários estão fazendo pressão, ao atrasarem os salários, para que o aumento da tarifa seja liberado. Eles alegam que o atual valor gera prejuízos e, por isso, não conseguem manter os salários em dia.
Atualmente a passagem custa R$ 3,10 mas pode chegar a R$ 3,80, caso o governo do Estado mantenha a cobrança do ICMS sobre o combustível das empresas que prestam o serviço na capital. O novo valor representa um aumento de 22,5%.
A Agência Municipal de Regulação de Serviços Públicos Delegados de Cuiabá (Arsec) está analisando a planilha, apresentada pelas empresas para depois propor o novo valor da passagem.
Ledevino explicou que em fevereiro a categoria não irá tolerar atrasos e garante que se o pagamento não for realizado no 5º dia útil, sexta-feira de carnaval, no dia seguinte nenhum ônibus irá circular por Cuiabá e Várzea Grande.
Em dezembro de 2014 motoristas de Cuiabá e Várzea Grande não saíram com os veículos das garagens em protesto por falta de pagamento. A situação se repetiu no dia 9 de janeiro do ano passado quando os funcionários de duas empresas de transporte coletivo de Cuiabá decidiram fazer uma paralisação.
Em maio do mesmo ano, a categoria realizou dois dias de greve onde nenhum ônibus circulou pelas ruas da cidade. Eles reivindicavam o aumento dos salários de motoristas de R$ 1,8 mil para R$ 2 mil.
O movimento durou dois dias e atingiu cerca de 345 mil pessoas que utilizam todos os dias o transporte público.