Depois de 1 ano e 5 meses da Operação Mercenários, deflagrada em abril de 2016 para desarticular um grupo de extermínio composto por policiais militares, vigilantes e comerciantes, responsável por pelo menos 40% dos homicídios praticados em Várzea Grande, três réus enfrentam júri popular e foram condenados. Francisnilson Deivson do Carmo Tavares, 30, e José Francisco Carvalho Pereira, 39, ambos vigilantes, e Deivison Soares do Amarante, 29, segurança, foram denunciados pelo Ministério Público Estadual (MPE) pelo crime de tentativa de homicídio qualificado e condenados pelo conselho de sentença.
As penas foram calculadas pelo juiz Otávio Vinicius Affi Peixoto, titular da 1ª Vara Criminal de Várzea Grande e presidente do Tribunal do Júri. O réu José Francisco, o “Ceará” recebeu a maior pena, 10 anos e 8 meses de prisão, a ser cumprida no regime fechado. “O sentenciado José Francisco aguardará eventual recurso segregado, pois sua reiteração em condutas graves, conforme processos em tramitação nesta vara criminal, além da existência de pena a resgatar, conforme guia de execução penal distribuída na comarca da capital, demonstram a necessidade de garantia da ordem pública, barrando a sua reiteração criminal, conforme já se fundamentou anteriormente no processo”, consta no despacho do magistrado.
Já Deivison e Francisnilson foram condenados, cada um, a 8 anos de prisão. Ambos podem cumprir as penas no regime semiaberto em virtude de serem réus primários e podem recorrer da condenação em liberdade uma vez que não estão mais presos. Na sentença, o juiz destaca que Francisnilson responde também a outro processo pelo crime de posse ou porte irregular de arma de fogo de uso restrito, mas ainda assim, tecnicamente, é réu primário. Isso porque no dia que foi alvo da Operação Mercenários, acabou preso em flagrante por conta do crime de porte ilegal de arma de fogo.
A 1ª fase da Operação Mercenários foi deflagrada em 26 de abril de 2016 para cumprir 21 mandados de busca e apreensão decretados pelo juiz Vinicius Affi a pedido da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). As ordens judiciais foram cumpridas nas residências dos suspeitos e familiares, em Cuiabá e Várzea Grande. Dos 17 presos temporariamente na época, seis eram policiais militares, seis vigilantes, dois mandantes, dois informantes e um gerente de empresa.
Na época, o então secretário de Segurança, Rogers Elizandro Jarbas, estimou que 40% dos homicídios ocorridos em Várzea Grande desde 2013 tinha envolvimento do grupo. Destacou que o grupo de extermínio era suspeito de ter executado mais de 230 vítimas, nos últimos entre 2013 e 2016, somente em Várzea Grande.
Os demais réus continuam respondendo a processos na 1ª Vara Criminal de Várzea Grande e também serão submetidos a júri popular.