A unidades de saúde filantrópicas Santa Casa de Cuiabá e Rondonópolis, Santa Helena e hospital Geral, voltam a falar em paralisação das atividades, já na próxima quarta-feira, caso o Estado não repasse valores novamente em atraso. O valor pendente seria de R$ 72,5 milhões.
Os Filantrópicos são responsáveis por 85% do atendimento de pacientes do SUS. Fazem 3.500 atendimentos por mês. "Se a gente para é porque não tem dinheiro para comprar remédio, comida, garantir roupa lavada, estamos falando de hospitais e a situação é muito crítica", afirma o médico Marcelo Sandrin, diretor presidente do Hospital Santa Helena, referência em maternidade, cardiologia e cirurgia geral.
O médico avisa que não vai aceitar ser chamado de "extorquidor" e nem que considerem a cobrança "chantagem". Se ocorrer, segundo ele, quem caluniar vai ter que responder por isso. Ele reclama que o atual secretário de Estado de Saúde Luiz Soares se fechou para sociedade, assim que assumiu o cargo e não dialoga com ninguém.
O Hospital do Câncer de Mato Grosso (Hcan-MT) também filantrópico mas já informou que desta vez não vai parar. Diretor presidente do Hcan, Laudemi Moreira, confirma o atraso, mas avaliaram que isso seria igual a matar gente. "Como interromper uma quimioterapia, uma radioterapia, cancelar uma cirurgia de um paciente com tumor em crescimento contínuo?" – questiona. "Por isso, decidimos continuar, só vamos parar quando fecharmos as portas".
Presidente da Federação das Santas Casas e dos Hospitais Filantrópicos de Mato Grosso (Fehos-MT), Elizabeth Meurer, reclama que a situação "está impossível". Explica que foi feito um acordo em agosto entre as partes e que, caso os pagamentos se mantivesses, os filantrópicos fariam força tarefa para operar mais de 2 mil pessoas que estão na fila de espera. "Obviamente que isso não andou", lamenta.
O acordo previa pagamento em atraso em 7 dias. Em seguida, o Governo baixou a Portaria 150 determinando que, na verdade, o pagamento seria feito em setembro, outubro e novembro. Porém, o mês de setembro terminou e o repasse não foi feito.
Os hospitais tentaram uma saída, em reunião com o ministro da Saúde, Ricardo Barros, dia 16 de agosto, mas ele alegou que não poderia fazer nada.
Outro lado
A Secretaria de Estado de Saúde (SES), questionada sobre a situação, informou que ainda não existe previsão para o repasse, previsto na portaria 150, pois ainda constam pendências referentes ao mês de julho.