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Mato Grosso perde R$ 166 milhões por ano com a venda de óculos e lentes falsificadas

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A pirataria e o contrabando no setor de óticas em Mato Grosso fizeram com que o setor deixasse de faturar R$ 166,9 milhões entre julho de 2016 e junho de 2017. A estimativa é da Associação Brasileira da Indústria Óptica (Abióptica) ao calcular que, do total faturado no período, R$ 371 milhões no Estado, outros 45% deste total foram movimentados com produtos ilegais.

Mato Grosso possui cerca de 260 óticas, segundo dados da Associação, e desta quantidade cerca de 46% estão concentrados em Cuiabá. De acordo com o presidente da Abióptica, Bento Alcoforado, as perdas com produtos de origem duvidosa comprometem de 40% a 45% do faturamento do setor. No entanto, quando se trata de uma região de fronteira, como é o caso de Mato Grosso, este percentual pode ser ainda maior. “Não achamos que este problema está somente no camelô. As próprias óticas instaladas e outras lojas de acessórios, como as de moda, também vendem os produtos. Então o consumidor também precisa estar consciente e não comprar em lojas de outros segmentos e que misturem originais com réplicas”, recomenda.

“O óculos sem procedência legal produz máculas na visão que só são percebidas no longo prazo, depois de anos, porque não dói, mas causa efeitos como a catarata, que provoca uma perda extraordinária se as pessoas não tomarem cuidado”, complementa Bento.

A pirataria é o principal problema a ser enfrentado pelo segmento, de acordo com o presidente do Sindicato do Comércio de Ópticas de Mato Grosso (Sindióptica), Manoel Procópio da Silva Filho, devido à proporção que tomou e ao impacto de perdas financeiras que causa, que não atinge somente o empresário do setor, mas toda uma cadeia que deixa de ser movimentada. É um problema de saúde, que precisa de intensificação na fiscalização. Fazemos a campanha contra a pirataria, mas sabemos que não é isso que vai resolver o problema, e sim a conscientização da população, porque quando vão comprar os óculos, vão somente pelo preço, sem se importar com a procedência do produto”.

A pirataria, ou ilegalidade dos produtos, atinge diversos segmentos. Em 2015, o país perdeu aproximadamente R$ 115 bilhões com a comercialização de produtos ilícitos e a sonegação de impostos, de acordo com o Fórum Nacional contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP).

O segmento de brinquedos que já foi um dos mais atingidos pela ilegalidade, com o combate e a certificação da origem dos produtos, hoje chega a somente 5,5%. Este também é o caminho para o segmento de óticas, de acordo com o presidente da Abióptica. “Estamos desenvolvendo um selo que vai certificar os produtos, em parceria com o Inmetro e a ABNT, para melhorar a qualidade do produto a exemplo do que aconteceu com o brinquedo, que já esteve com ilegalidade acima dos 50% e hoje está na faixa de 5%”. O plano é implementar o selo já no próximo ano.

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