Uma expedição da Organização Não-Governamental (ONG) Instituto Ecuman e Museu Vale do Arinos conseguiu localizar, na última semana, seis sítios arqueológicos no município de Apiacás (aproximadamente 500 quilômetros de Sinop). No local, foram encontradas diversas pinturas rupestres e outros objetos arqueológicos, como cerâmicas. “É um patrimônio histórico sem igual e que pertence à humanidade”, resumiu, ao Só Notícias, o coordenador da câmara setorial de Arqueologia do Museu do Vale do Arinos, Saulo Augusto de Moraes.
Os sítios foram encontrados, inicialmente, por indígenas da etnia Apiaká-Kayabi. Eles informaram a localização e, então, foi montada uma expedição, que durou quatro dias. Além de Saulo, também participaram a bióloga do Instituto Ecuman, Rosália de Aguiar Araújo, um representante da Fundação Nacional do Índio (Funai), e dois caciques da etnia indígena. “Foi uma exploração muito impressionante. É um patrimônio que não pode ser perdido. Deve ser estudado”, afirmou Saulo.
Dos seis sítios encontrados, cinco eram cavernas que serviam como abrigos de povos pré-coloniais (que habitavam a região há mais de 500 anos). No local, há diversas pinturas rupestres nas “paredes”. A data precisa em que foram feitas, no entanto, ainda é desconhecida. “Esta foi apenas a primeira parte. Agora, entra um trabalho de conseguir recursos para contratar uma empresa que faria um estudo de cunho acadêmico para saber a datação exata destas pinturas rupestres”.
O sexto sítio encontrado é uma antiga aldeia indígena. Saulo explicou que a estimativa, com base em informações preliminares, é que o local tenha sido, até a década de 1960, uma terra ancestral dos índios Apiaká. “Era um sítio só de cerâmica. O que a gente sabe, a princípio, é que foi habitada até a década de 60, mas perde-se no tempo a origem. Trouxemos algumas amostras de cerâmicas e, agora, o objetivo é fazer um comparativo com os povos Apiaká, para saber se pertencem à mesma etnia”.
Após retornarem para Juara, onde estão sediados, Saulo e Rosália, em nome do Museu e do Instituto Ecuman, fizeram o registro dos sítios no site do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). “O órgão passa a ter conhecimento e, agora, estes locais estão, teoricamente, protegidos. Abrindo algum edital do governo federal, vamos tentar recursos para contratar a empresa especializada e fazer os estudos arqueológicos”.
Conforme Só Notícias já informou, em dezembro do ano passado, o Iphan reconheceu dois sítios arqueológicos na região Norte. O sítio de gravura rupestre, chamado Lage, sugere uma possível rota migratória que segue de Juara rumo ao município de Paranaíta, no Norte do Estado, próximo a Alta Floresta. Paranaíta abriga uma das mais famosas descobertas desta natureza no Estado, a ‘Pedra Preta’, e as gravuras encontradas em Juara são muito semelhantes. Lage é um sítio arqueológico a céu aberto, localizado em uma área privada, com gravuras rupestre em variados pontos, na superfície de um afloramento rochoso de planalto residual, a aproximadamente 3 mil metros da margem do Rio Arinos.
Já o sítio Tatuí, de cerâmica pré-colonial, já de início oferece informações de habitações de povos ceramistas (prática hoje extinta na região do Vale do Arinos), margeando o Rio Arinos e Rio dos Peixes. Tatuí também é um sítio arqueológico a céu aberto, localizado em uma área indígena, com cerâmicas superpostas de diversificadas tipologias em variados pontos da superfície do solo, próximo à margem do Rio dos Peixes, distante aproximadamente 65 quilômetros do perímetro urbano de Juara.