Apesar de alguns benefícios trazidos com as alterações no traçado da rodovia federal, estudantes, pais e servidores que frequentam o Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) São Vicente, entre Cuiabá e Jaciara, e comunidade que mora em suas redondezas, estão apreensivos quanto à questão da segurança em relação à travessia. O trecho, entre os km 327 e 329, que passava em frente a instituição de ensino, foi deslocado mais ao norte, ainda em área desapropriada da escola, que tem mais de cinco mil hectares.
A mudança no traçado ocorreu no dia 14 deste mês, sem nenhum aviso prévio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para que alunos e servidores pudessem ser orientados a respeito de como chegar à escola com segurança. Além da falta de sinalização, a construção deste novo trecho ainda não está finalizada, com o tráfego (duas mãos) sendo feito em um só lado da rodovia.
O campus, prestes a completar 75 anos, tem aproximadamente 500 alunos. Ao lado também existe a escola estadual Gustavo Dutra, que atende mais de 200 alunos, desde o ensino infantil ao médio. Diariamente, muitos destes alunos e trabalhadores, que moram nas proximidades e no assentamento rural Santo Antônio da Fartura, têm que transpor a rodovia para chegar às escolas.
O trajeto destes moradores já era feito há décadas, porém, agora o trecho da BR é de trânsito rápido e sem qualquer meio que possibilite ao pedestre fazer a travessia com segurança: passarela, faixa de pedestre elevada com semáforo ou redutor de velocidade. Para piorar, quem se atreve a arriscar a vida nesta travessia ainda tem que saltar um muro de concreto de aproximadamente um metro de altura, que divide as pistas.
Outro problema apontado por moradores e alunos é a ausência de pontos de ônibus, já que grande maioria dos que vivem na região não possuem veículo próprio e centenas de alunos em regime de internato visitam seus parentes, em outras cidades, nos finais de semana. Hoje, para que possam ir para Cuiabá, Campo Verde, Rondonópolis, por exemplo, o percurso a pé para tentar pegar um ônibus, às vezes com malas e outros objetos, é superior a 2 quilômetros. Ainda assim eles se arriscam na rodovia, pegando o transporte fora de pontos oficialmente estabelecidos.
Prática comum pelos alunos de São Vicente, a carona também está inviabilizada com esta mudança. O mesmo percurso, de mais de dois quilômetros, deve ser superado para que o transporte solidário possa ser conseguido nas imediações do viaduto edificado no entroncamento da BR 364 com a BR-070.
Ontem, a direção-geral do IFMT São Vicente realizou reunião com servidores e representantes de alunos para discussão, dentre outros assuntos, da questão da segurança dos que têm que atravessar a rodovia para acessar a sede da instituição.
Conforme os representantes da equipe diretiva, um ofício já foi encaminhado ao Superintendente Dnit em Mato Grosso solicitando providências quanto à questão da segurança na travessia e também do ponto de parada de ônibus intermunicipal.
Para tentar evitar que graves acidentes aconteçam, reuniões com alunos também serão realizadas no intuito de alertá-los quanto à travessia enquanto as providências, urgentes, não são tomadas pelo Dnit.