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Índios cobram pedágios em rodovias federais de Mato Grosso

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Cinco etnias das 44 que habitam Mato Grosso têm feito eventuais pedágios em vias federais e estaduais que perpassam reservas indígenas. A prática gera conflitos e, em situação extrema, já resultou em 2 assassinatos em Juína (735 Km a Noroeste de Cuiabá), onde é acirrado o discurso do ódio entre índios e não-índios. Exatamente 1 ano e 6 meses após o crime, no local, os Enawenê-Nawê continuam cobrando para passar na BR- 174, que liga Juína a Vilhena (RO). Agora mais recente, dia 30 de maio deste ano, 8 xavantes foram presos por extorsão e cobrança de pedágio ilegal em um trecho da BR-070, em General Carneiro (442 Km a Leste de Cuiabá). A denúncia é a de que, usando arco e flecha, atingiam veículos de motoristas que não queriam pagar.

Quem defende direitos dos indígenas pondera que por trás dos pedágios há problemas sociais que precisam ser levados em conta. Entre eles, a mudança na vida dos povos provocada pela aproximação com a cultura urbana. “O alcoolismo é resultado disso”, destaca Ivar Bussatto, da Operação Amazônia Nativa (Opan), organização não governamental indigenista. Outro problema é o ambiental. Exemplo disso pode ser observado na aldeia dos próprios Enawenê. Eles se alimentavam basicamente do pescado, quando foi feito o primeiro contato com eles, em 1974. Com a chegada das usinas no rio Juruena, na última década, houve mortandade do pescado e agora vão às cidades próximas para comprar congelado nos mercados. “Com o dinheiro de compensação pelos danos”, explica Ivar. Ele destaca que, para refletir sobre a questão dos pedágios indígenas, é importante não generalizar. “Cada povo é um povo e age de uma forma diferente”, ressalta.

A Polícia Rodoviária Federal (PRF), que intermedia conflitos em cenas de pedágio, percebe isso. Hugo Mageste, chefe do Núcleo de comunicação da PRF, comenta que os conflitos inflamam mais ou menos de acordo com o perfil dos povos. Assegura que os casos são raros e que, na maioria das vezes, o diálogo é o suficiente para resolver a questão. Segundo ele, quem se irrita mesmo com isso são motoristas impedidos de passar a não ser que paguem.

O presidente do Sindicato dos Caminhoneiros (Sindicam), em Tangará da Serra (239 Km a Médio-Norte de Cuiabá), Edgar Laurini, afirma que a categoria é revoltada com isso. Felisberto Pudunepa, da Federação de Povos e Organizações Indígenas de Mato Grosso (Fepoimt), pede calma e informa que em setembro o complicado assunto estará na pauta de congresso que vai reunir todas as etnias

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