Motoristas do transporte coletivo de Cuiabá e Várzea Grande ameaçam fazer greve, dentro de uma semana, se as negociações com o empresariado do setor não avançarem na campanha salarial deste ano. A categoria, que tem 2.300 integrantes, na condução de 560 coletivos, reivindica 15% de reajuste salarial. e plano de saúde, neste mês de maio, data base de 2017, alegando que o salário está defasado e que a rotina de motorista, em meio ao trânsito caótico, faz muitos adoecerem com problemas ergonômicos e emocionais.
"O nosso salário é de R$ 2.180, para jornada de 7 horas. Com o reajuste reivindicado, subiria para R$ 2.507. Agora quanto ao plano de saúde, faz 31 anos, desde o início da nossa entidade de classe, que reivindicamos isso e toda vida temos que tratar nossas doenças na saúde pública", reclama o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários da Baixada Cuiabana (Sintrobac), Ledevino da Conceição.
O empresariado aceita paga 50% do valor do plano privado, mas em contrapartida os trabalhadores devem abrir mão de dois benefícios – apoio funeral e fundo social – que juntos somam R$ 68. "Só iam pagar de fato R$ 12", rechaça Ledevino.
Após 3 rodadas de negociação, sem avanços, a classe levou o problema aos vereadores de Cuiabá, que pediram 7 dias para tentar um diálogo com a Associação Mato-grossense dos Transportadores Urbanos (MTU).
O presidente Ledevino informa que vão esperar esse período e, se mesmo assim nada mudar, vão chamar assembleia geral para dia 9 de junho.
A última greve dos condutores de coletivos ocorreu em 2015. Foram 3 dias de confusão no trânsito em Cuiabá.
Segundo Ledevino, a cada dia de paralisação os empresários perdem algo em torno de R$ 1 milhão, já que circulam nas duas cidades cerca de 300 mil passageiros pagando R$ 3,60 ou R$ 4,20, se usar linhas intermunicipais.
Ainda de acordo com ele, ano passado as partes fecharam acordo em clima de acirramento. O empresariado concedeu a inflação do período mais 1% de ganho real.
Depois disso, em outras negociações fora da data base, segundo ele, nada avançou.
Por meio de nota a MTU alega que "as empresa dos transporte coletivo de Cuiabá não conseguiram identificar possibilidade de reajuste do salário dos motoristas por absoluta falta de recursos a mais para bancar o custo do sistema de transporte coletivo este ano, já que também não houve reajuste tarifário".
Ao assumir a Prefeitura de Cuiabá, em 1 de janeiro deste ano, o prefeito Emanuel Pinheiro (PMDB), já nos primeiros dias de gestão, afirmou que não autorizaria o reajuste nas tarifas enquanto as empresas não melhorassem os serviços prestados.
É que usuários mostram-se insatisfeitos com os serviços prestados por três empresas concessionárias: Pantanal Transportes, Expresso NS e Integração Transportes, além da União Transportes, em VG.
Em agosto do ano passado, auditores fiscais do Tribunal de Contas do Estado (TCE), divulgaram resultado de pesquisa com cerca de 400 usuários do transporte coletivo das duas cidades. Eles criticaram principalmente a idade avançada da frota, o descumprimento de horários nos pontos de ônibus e na viagem entre a origem e o destino, além da falta de segurança.
A atual concessão do transporte público foi licitada em 2002, porém, os contratos começaram a vigorar em junho de 2004 com prazo de 10 anos. Desde que venceu, vem sendo ampliado por aditivos.
No dia 30 de maio, ou seja, há 3 dias, Diário Oficial publicou decreto assinado pelo prefeito prorrogando por mais 120 dias a suspensão do processo de licitação.
Na gestão anterior, de Mauro Mendes (PSB), ex-prefeito também ventilou a possibilidade de abrir licitação no setor, mas fechou o mandato sem fazer isso.