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Trabalhador rural alvo de brincadeira e que levou centenas de ferroadas de vespas é indenizado

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Naquele dia era ele o alvo das piadas entre os colegas de trabalho em uma empresa de energia renovável, na zona rural de Alto Araguaia. Em meio à chacotas e ameaças inconsequentes, um deles jogou em sua direção uma lata cheia de cotésia, uma espécie de vespinha utilizada na empresa para controle biológico de praga nas lavouras de cana de açúcar.

O resultado daquela “brincadeira” de mal gosto foi um trabalhador com inúmeras ferroadas. Todo empolado e com dores por todo o corpo, implorou por ajuda ao líder do seu setor para levá-lo à usina, mas nada foi feito. Em desespero, saiu pelo campo caminhando por sete quilômetros, embaixo do sol e aguentando as consequências do ataque de vespa. Ao chegar na usina, lavou-se na tentativa de amenizar a ardência e ainda teve que aguardar até o fim do dia para poder entrar no ônibus da empresa e chegar na cidade. Só então pode procurar um hospital para tratar as feridas.

Foi medicado e retornou ao trabalho no dia seguinte, mas voltou a passar mal por causa das picadas e foi levado para o Hospital de Alto Taquari, onde o médico atestou a necessidade de repouso de três dias. Aquele tipo específico de vespa é inimiga natural de outros insetos que se alimentam de planta e podem causar muitos problemas para suas vítimas. Uma colônia de vespinhas com 40 mil indivíduos, por exemplo, pode capturar mais de mil lagartas broca-da-cana por dia.

Como se não bastasse, o trabalhador levou uma suspensão por ter se envolvido na confusão e ainda teve seu pedido de ajuda para custeio da medicação negado pela empresa. Pagou tudo do seu próprio bolso. Por fim, recorreu à Vara do Trabalho de Alto Araguaia, que reconheceu os danos sofridos e a omissão da empresa.

Os empregadores foram condenados a pagar indenização por danos morais e materiais de R$ 3 mil. “É de notório conhecimento que o ataque de insetos pode causar até a morte, caso a vítima possua sintomas decorrentes, como  alergias,  mas  como  vimos  a  empresa  não  se  preocupou  com  eventuais consequências futuras que poderiam advir para o trabalhador”, ressaltou o juiz de Alto Araguaia, Juarez Portela.

A empresa recorreu da decisão ao Tribunal Regional do Trabalho de Mato Grosso (TRT-MT), mas a 1ª Turma manteve a sentença.

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