A jovem Geisiane Buriola da Silva, 31 anos, agora se prepara para recomeçar a vida. Depois de ser brutalmente atacada pelo ex-marido a golpes de facão no último dia 10 de abril, na qual teve as duas mãos decepadas, a diarista recebeu alta na última terça-feira do Hospital Municipal São Benedito. Foram 47 dias de internação.
Apenas seis horas de um longo percurso de 390 quilômetros entre a capital e Campo Novo dos Parecis, onde mora, a separava dos dois filhos. Para ela, parecia uma eternidade, já que não os via desde o episódio que ficará para sempre marcado no corpo e na memória. “Eu chorei um pouquinho. Eles também. A minha filha mais nova ficou um pouco revoltada quando me viu, pois ela presenciou toda a cena de violência e, apesar disso, acho que ainda não estava preparada para me ver sem mãos”.
A luta para juntar os pedaços de uma vida dilacerada pela violência doméstica teve início na noite desta terça, ao chegar de viagem à casa da mãe, seu mais novo lar. “Não tenho mais condições de morar sozinha. Me tornei totalmente dependente. Agora preciso da ajuda da minha família para tudo. A casa em que eu morava já até aluguei”.
De acordo com a mãe de Geisiane, Maria Buriola, está sendo uma experiência nova para todos. Ela explica que é como se sua filha tivesse voltado a ser aquela bebezinha de 30 anos atrás. “Já para as crianças é o contrário. Os papéis se inverteram. Eles querem ajudar a cuidar, dar banho, comida, água”.
Geisiane ficou em coma induzido por 22 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital São Benedito. Atendida por uma equipe de múltiplos profissionais, entre médicos, enfermeiros, dentistas, fisioterapeutas, nutricionista e fonoaudióloga, ela revela que sente saudades do carinho do atendimento dos profissionais, mas não via a hora de voltar pra casa. “Agora é hora de começar uma nova vida”.