A enfermeira Ligia Leite declarou, hoje, que colocou o cargo de diretora do Hospital Regional de Sorriso a disposição do governo, esta manhã, durante audiência na câmara municipal para tratar dos graves problemas financeiros do hospital com fornecedores e funcionários. Ela expôs que havia pedido colocado o cargo a disposição em 13 de março. "Fiz uma carta e meus colegas do hospital me pediram para permanercer. Mas chegou a um momento insustentável. Não tenho mais condições psicológicas e emocionais para ficar à frente do hospital. Não quero mais este cargo", declarou, em entrevista. "A gente sabe que a crise é nacional e chegou ao hospital. Nós não temos a gestão financeira. Temos a gestão de serviços e sem dinheiro não podemos avançar. As dívidas estão aí", expôs. O montante seria de R$ 8 milhões.
Ligia evitou afirmar que sua saída seria uma represária por parte do governo. "Ninguém gosta de ouvir a verdade. e vou continuar falando. Sou servidora de carreta, estou há 13 anos do hospital. Infelizmente, nosso governo do Estado não está nos correspondendo. Mas não tenho medo de represária. Como falei, coloquei meu cargo a disposição".
Esta tarde, a secretária adjunta de Serviços de Saúde informou que o hospital terá nova direção a partir desta quarta-feira e a enfermeira Luciene Fernanda Benin assume a direção geral.
O médico Roberto Yoshida, diretor técnico do hospital, afirmou, esta tarde, ao Só Notícias, que não foi exonerado. "Não pedi para sair. Exerço cargo de confiança, a convite da Ligia. Vou deixar a nova diretora à vontade para escolher o próximo diretor. Não vejo nenhum ato de retaliação (do governo) a minha pessoa. Estou de consciência tranquila e com dever cumprido. Fiquei no cargo de diretor praticamente um ano. Sou cirurgião e vou continuar trabalhando no hospital", afirmou. Pela manhã, Yoshida afirmou que deixaria o cargo em solidariedade a Ligia Leite.
Esta tarde circulou informação que teria sido exonerado e a assessoria informou que a secretária adjunta de Saúde Inês Sukert declarou que "não procede a informação que o diretor clínico do hospital, Roberto Satoshi Yoshida, teria sido afastado das funções. A secretária adjunta esclarece que a nova diretora Luciene Benin é quem vai definir a equipe de trabalho a partir desta semana".
Yoshida e Ligia Leite expuseram, nos últimos dias, as precárias condições de funcionamento alertando que estava para acabar até a alimentação de pacientes e funcionários. Também disseram que os medicamentos estavam no fim e que se o governo do Estado não realizasse pagamentos a situação ficaria ainda mais caótica.
Por conta da situação de critica, esta manhã, foi realizada uma ampla reunião com prefeitos e vereadores de dez cidades da região para debater o assunto. Como medida mais urgente, decidiram trancar a BR-163 na próxima quinta-feira, a partir das 14h, em forma de protesto contra o governo do Estado.
Os médicos da unidade também estão sem receber há cerca de cinco meses.
(Atualizada às 19:17h)