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Jovens são ‘induzidas’ a se mutilar e tirar a própria vida em jogo suicida

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O que passa pela cabeça de uma pré-adolescente de 12 anos que foi convidada a fazer parte do jogo suicida “Baleia Azul”? Uma delas, D.F., aluna do 7º ano da Escola Estadual Paciana Torres Santana, do bairro Coxipó, em Cuiabá, conversou com a reportagem e contou com detalhes como aconteceu a abordagem. Outras duas adolescentes, de 12 e 13 anos, que prestaram depoimento na Gerência de Combate a Crimes de Alta Tecnologia (Gecat), alegaram que chegaram a se mutilar, atendendo ordens de curadores, porque estão deprimidas. E os depoimentos das vítimas revelaram ao Gecat que, além do “Baleia Azul”, já existem outros três grupos suicidas, que também são espécies de jogos, acessados por crianças e adolescentes de Cuiabá e interior de Mato Grosso.

Um deles é o “Fada do Fogo”, que estimula crianças a ligarem o fogão durante a noite, repetindo palavras mágicas, para que se transformem realmente em uma fada. Os outros são o “Família Suicida” e o quarto “Anjo Suicida”. Ambos abrem espaço de bate-papo, com orientações a quem quiser dar fim à vida, com premiação e encorajamento como se fosse uma competição consigo mesmo. O Gecat já abriu 25 inquéritos para apurar casos de indução virtual ao suicídio juvenil em Mato Grosso. Investigações que estão apenas começando. O primeiro caso foi registrado em Vila Rica (1.259 km a noroeste de Cuiabá). A menina se jogou em um rio e morreu.

Em Cuiabá, aos 12 anos, D.F. diz estar com a cabeça “meio estranha”. Na sala da casa da avó, relata sobre o dia em que recebeu “do nada” uma mensagem de Whatsaap. “Oi D.F. (nome reduzido para não expor a menina) vamos participar do jogo Baleia Azul?”

Ela tinha ouvido falar sobre isso na escola e no Projeto Siminina, da Secretaria Municipal de Assistência Social e Desenvolvimento Humano da Prefeitura de Cuiabá, do qual faz parte. “Falaram para a gente avisar aos pais caso curador falasse com a gente”, explica. Desesperada e nervosa, correu para informar o pai, com quem mora. Por sua vez, ele acionou a irmã dela, Daniela da Silva Fiuza, 22, que registrou Boletim de Ocorrência na Central de Flagrantes de Cuiabá, dia 29 de abril, às 8h30. A pré-adolescente afirma que jamais tiraria a própria vida, que não sente depressão e não tem qualquer problema na vida que a abale. No entanto, alguns minutos de conversa e ela demonstra tristeza ao lembrar da tumultuada separação dos pais. “Na época, chorei muito. Eu achava que minha mãe ia voltar para casa. Mas ela não voltou e hoje em dia tem coisa que acontece comigo que ela nem fica sabendo”, lamenta, comovida.

Separação dos pais é um dos motivos que leva crianças e adolescentes às salas de terapia. Em grau elevado, provoca depressão juvenil. Não é o caso de D.F., porque apesar dessa dor “que não passa nunca”, é feliz da vida, tem amigas, paqueras e planos de ser política. No entanto, isso mostra que todo mundo tem alguma ferida e que dependendo da abordagem a uma vítima ainda imatura isso pode abrir uma porta para comportamentos inesperados, como mutilações e um suicídio.

Quando a mensagem chegou no “Whats” dela, já estava tentando bloquear o curador cujo primeiro nome é “Guilherme”. Mas ele reagiu primeiro digitando assim: “Sei onde você mora, não me bloqueie”. A irmã dela diz que também tentou de todo jeito fazer isso também sem conseguir. “Parece um hacker que só ele consegue adicionar e falar com a pessoa”, compara. Na Central de Flagrantes, a menina recebeu a orientação para desligar o celular, mas não aguentou e ligou. Foi quando recebeu a lista de 50 tarefas, sendo a primeira delas mutilar o braço. “Com uma gilete, entalhe em sua mão a inscrição: F57, tire uma foto e envie ao administrador do grupo”.

A 50ª tarefa era, como se sabe, se matar. “Pule de um prédio bem alto. Assuma sua vida!” F57 é uma das comunidades das mídias sociais, onde crianças, mas principalmente adolescentes, entram para falar de suicídio, inspirados na russa Rina Palenkova, que se matou aos 17 anos se jogando nos trilhos do trem da cidade de Ussuriysk, na região de Primorsky Krai, no Extremo Oriente russo. De acordo com o jornal The Mirror, “poucos segundos antes dela se jogar na linha do trem, Rina postou uma foto no VK (VKontakte) com a palavra Adeus”. O VK é uma rede social de origem russa, equivalente ao Facebook.

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