A Reforma do Ensino Médio, sancionada pelo presidente Michel Temer (PMDB) em fevereiro deste ano, não deve afetar a rotina do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT), já que a Lei 11.184/2005, que cria os IFs, garante a autonomia didático pedagógico das unidades. Esta é a avaliação do novo reitor da instituição, Willian de Paula, 46.
Segundo ele, se a lei garante esta autonomia à instituição, junto com a comunidade poderá discutir qual “o melhor itinerário formativo para os alunos do Ensino Médio”. “Hoje a missão do IF é educar para a vida e para o trabalho. Se é assim não posso retirar disciplinas importantes para a formação para a vida”. O reitor destaca que o Ensino Médio precisa ser discutido e os IFs podem colaborar, mostrando como é o modelo desde a fundação da antiga Escola Técnica. “Se eu usar um indicador externo, como o Enem, e usar só os resultados dos IFs, o Brasil estaria à frente de muitos países considerados exemplos em educação no mundo”, garante.
Willian de Paula tomou posse no último dia 11 de abril e tem pela frente o desafio de ampliar o número de vagas ofertadas pelo IFMT e manter a qualidade de ensino em tempos de cortes orçamentários. Segundo ele, terá que trabalhar com 50% a menos de recursos para investir nos 19 campi em Mato Grosso. O IFMT possui cerca de 2,2 mil servidores, sendo que 80% dos docentes mestres e doutores, mais de 23 mil alunos nos cursos presenciais, 1.728 nos cursos do ensino técnico de nível superior na modalidade de Ensino à Distância (EaD) e outros 2.640 estudantes nos cursos técnicos à distância pelo ETec/Profuncionário.
Outro desafio é conseguir manter o envolvimento dos servidores com o instituto. “São servidores públicos, tenho que olhar para a formação e capacitação continuada deles e principalmente para as questões trabalhistas, pois estamos em uma luta para fazer valer direitos conquistados e que de certa forma estão sendo colocados à prova”, cita. Tanto que os servidores do IFMT aderiram à paralisação nacional realizada no dia 28 de abril. “O servidor tem direito de se manifestar frente a questões políticas do nosso país”.
O reitor apoia a manifestação e considera que a insatisfação dos trabalhadores pode interferir no bom andamento da instituição. O orçamento aprovado para 2017 gira em torno de R$ 347 milhões. Deste total, 80% vai para pagamento da folha. “Para investir restam R$ 12 milhões, no orçamento foram R$ 24 milhões. Mas é aí que entra a função da equipe gestora para vislumbrar outras possibilidades como parcerias, a exemplo das firmadas com a Unemat e a UFMT”.