A interdição dos índios da etnia Munduruku continua pelo terceiro dia consecutivo na rodovia federal, nas proximidades da cidade paraense de Miritituba (994 quilômetros de Sinop). Apenas ambulâncias com pacientes passam e os demais veículos como caminhões, carretas e ônibus com passageiros estão impedidos de trafegar. Uma das representantes do movimento, Alessandra Munduruku, disse, anteriormente ao Só Notícias, que os índios são contra a construção de hidrelétricas e cobram demarcação das terras aos povos indígenas.
“O manifesto é contra as ações do ministro da Justiça [Osmar Serraglio]. Ele está tirando autonomia da Funai e não queremos hidrelétricas nas nossas terras. Além disso, não foi feito uma consulta com o povo munduruku. Eles acham que podem tirar nossas terras de dar para os grileiros, fazendeiros e estrangeiros. Não estamos sendo respeitados. O que é importante para nós é o rio limpo e as nossas terras. Fechamos a rodovia para podermos ser ouvidos pelas autoridades do país. A interdição é por tempo indeterminado. Enquanto não ocorrer fortalecimento da Funai, que é único órgão que nós protege e faz as demarcações das nossas terras. Não podem invadirem os nossos direitos".
A interdição começou na última quarta-feira (26). Os índios montaram pelo menos duas barreiras com pedras e bloquearam a passagem dos veículos. De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), os indígenas e ribeirinhos são contra o leilão de 295 mil hectares de floresta para exploração madeireira. A área na qual o Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e o Instituto Chico Mendes de Preservação da Biodiversidade (ICMBio) pretendem legalizar a exploração de madeira contém sítios arqueológicos e é onde indígenas e ribeirinhos do Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAE) Montanha e Mangabal caçam, fazem seus roçados e pescam de maneira tradicional.