A Polícia Rodoviária Federal confirmou, há pouco, ao Só Notícias, que pelo menos 80 indígenas interditaram um trecho da rodovia, nas proximidades da cidade paraense de Miritituba (994 quilômetros de Sinop), esta tarde. Eles montaram pelo menos duas barreiras com pedras. Caminhões, carros, caminhonetes, ônibus e outros veículos estão impedidos de passar.
De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), os indígenas e ribeirinhos são contra o leilão de 295 mil hectares de floresta para exploração madeireira. A área na qual o Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e o Instituto Chico Mendes de Preservação da Biodiversidade (ICMBio) pretendem legalizar a exploração de madeira contém sítios arqueológicos e é onde indígenas e ribeirinhos do Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAE) Montanha e Mangabal caçam, fazem seus roçados e pescam de maneira tradicional.
No último dia 5 do mês passado, cerca de 60 indígenas ocuparam o pátio da Câmara de Itaituba (PA). Eles realizaram um manifesto onde ocorreria uma audiência pública para discutir o leilão deste área. Devido ao movimento, a audiência acabou sendo cancelada. “Foi aberto o edital da concessão e não fomos consultados, nem os ribeirinhos e nenhum dos povos indígenas afetados”, explicou Irleuza Robertinho, através da assessoria.
Segundo o Cimi, a audiência seria parte do processo de concessão das Florestas Nacionais (Flonas) Itaituba 1 e 2, a primeira vizinha e a segunda integralmente sobreposta à Terra Indígena Sawre Muybu. Sob ameaça de hidrelétricas, mineradoras e madeireiros, a demarcação desta terra tem sido uma das principais lutas dos Munduruku nos últimos anos.