O bispo emérito dom Pedro Casaldáliga e o bispo dom Adriano Ciocca Vasino, de São Félix do Araguaia, divulgaram uma nota em que cobram punição para os autores da chacina que vitimou nove pessoas na gleba Taquaruçu do Norte, que fica no distrito de Guariba, em Colniza (1.065 km de Cuiabá).
Casaldáliga é conhecido pelo trabalho pastoral ligado a causas como a defesa de direitos dos povos indígenas e contra a violência dos conflitos agrários, bem como por suas posições políticas. Em nota, os religiosos afirmam que os campos em Mato Grosso “jorram sangue” e que o momento politico contribui para a incitação ao ódio e clima de impunidade.
“Diversos políticos expõem abertamente seus discursos de ódio e incitação à violência contra as comunidades que lutam pelos seus direitos. Vivemos um clima de 'terra sem lei', uma verdadeira guerra civil em nosso país”.
As famílias de agricultores da gleba Taquaruçu, segundo a nota, viriam sofrendo violência desde o ano de 2004 e este não seria o único conflito na região. Outros conflitos de extrema gravidade já foram registrados em Colniza, como o da fazenda Magali, desde o ano 2000, e o conflito na Gleba Terra Roxa, desde o ano de 2004.
“A população teme que outros massacres possam acontecer. Clamamos justiça e que os autores desses crimes sejam processados e punidos. A consequente impunidade no campo, fruto da omissão dos órgãos públicos, perpetua a violência”, diz trecho do documento.
Os corpos dos nove assassinados na gleba chegaram a Colniza neste sábado (22), onde vão passar por exames de necropsia. Até o momento, a polícia confirmou que entre as vítimas estão três homens que eram moradores do estado de Rondônia, e outros seis de Colniza. Ainda não há identificação dos nomes das vitimas.
"Temos a certeza que o massacre ocorrido jamais roubará os sonhos e as esperanças do povo. E jamais calará a voz das comunidades que lutam", encerra a carta.