A rebelião no presídio Ferrugem, que durou mais de 24 horas, acabou há pouco, após horas de negociação de autoridades e integrantes do 'comitê de crise' com os detentos, que estavam em uma ala, que foi isolada, desde ontem à tarde, após a ação de policiais e agentes penitenciários. Eles entregaram as duas armas (uma artesanal). A confirmação foi feita, ao Só Notícias, pelo presidente OAB Sinop, Felipe Guerra. "Dois raios (alas) ficaram danificados e alguns setores do presídio terão que ser reconstruídos. Uma porta de contenção, de ferro, por exemplo foi derrubada. Parte das paredes foi danificada. Alguns presos devem ser transferidos, o que é considerado natural porque faltará espaço inicialmente", explicou.
A rebelião começou ontem de manhã e teve 5 mortos (dois foram decapitados, dois mortos a tiros e o quinto teve um infarto), além de 17 feridos. Esta manhã, os rebelados agrediram um detento que foi encaminhado ao hospital.
As negociações foram conduzidas pelos secretários Airton Siqueira (Justiça), Jarbas Rogers (Segurança) e integrantes do comitê foram suspensas, ontem, no início da noite, após o grupo de rebelados ficar isolado em uma área, e retomadas esta manhã. O secretário Airton Siqueira explicou, ontem à tarde, em entrevista coletiva, que houve confronto entre grupos rivais, porém, ele preferiu não informar quais seriam estes grupos e este seria o motivo da rebelião. A secretaria de Justiça ainda não anunciou quantos presos deverão ser recambiados.
De acordo com a OAB, os rebelados também queriam benefícios de receber visitas nas celas e não apenas em um espaço reservado como vinha ocorrendo para alguns reeducandos. Agora, para todos, será no mesmo espaço reservado.
O IML liberou dois corpos até agora – de Marcelo Viturião Carvalho e de Izauro, que devem ser sepultados hoje em Sinop. Os demais devem ser liberados em breve. De acordo com a Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec), também morreram Reginaldo Agostinho, Bruno Aparecido Bezerra, Isauro Pedro Gonçalves e José de Souza Silva. O papiloscopista e gerente de Identificação do Instituto Médico Legal (IML) de Sinop, Marcos Nunes Neto, afirmou, ao Só Notícias, que os dados coletados de José de Souza não batem com as informações que constam no sistema penitenciário. Por conta disso, há a suspeita de que o nome seja falso ou a informação divulgada pela secretaria esteja errada.
Os mortos não fariam parte de facção criminosa. O grupo de rebelados teria usado alguns detentos como escudos. A secretaria de Justiça informou que os mortos estavam presos por acusação de tráfico de drogas, latrocínio, roubo e crime sexual.
Desde que a rebelião começou, segurança foi reforçada dentro da penitenciária e também no perímetro externo, com policiais da Força Tática de Sinop, da Polícia Civil, Batalhão de Operações Especiais (Bope), Ronda Ostensiva Tático Móvel (Rotam), Grupo Armado de Resposta Rápida (Garra), Serviço de Operações Penitenciárias Especializadas (SOE) e bombeiros.
(Atualizada às 15:01h)