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Equipe de arqueólogos investiga pinturas rupestres encontradas no Nortão

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Uma equipe de arqueólogos está tentando identificar as pinturas rupestres encontradas, no final do ano passado, na região da comunidade Porta do Céu, a cerca de 120 quilômetros do centro de Juara (350 quilômetros de Sinop). As investigações começaram como parte das condicionantes (componente cultural) impostas para implantação da Central Geradora Hidrelétrica (CGH) Fazenda Modelo (mini barragem) e tiveram aval do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

O arqueólogo responsável pela pesquisa, Jedson Francisco Cereser, explicou, ao Só Notícias, que há suspeita de que os desenhos representam formas antropomorfas (de humanos). A confirmação, no entanto, será feita nos próximos meses, pela equipe laboratorial que dá apoio ao projeto em campo. “Muitas vezes, não é fácil identificar no local porque as figuras estão apagadas devido à ação do tempo. Será feito tratamento digital para conseguirmos observar alguns traços e entender o que representam. Fizemos a avaliação prévia e o laboratório fará a confirmação”.

Segundo Jedson, o trabalho envolverá fotografias de alta resolução e medições dos locais onde foram encontrados os desenhos (um abrigo sobre rochas). “Estas fotografias são levadas para o laboratório e são feitos procedimentos digitais para observarmos o que foi pintado. Fizemos o registro dos sítios arqueológicos junto ao Iphan e estamos, agora, em uma fase de levantamento destas pinturas”.

Apesar de trabalhar em um espaço delimitado pela zona de abrangência da CGH, a equipe de arqueólogos decidiu ampliar as prospecções na região. “Fugimos um pouco da nossa área de pesquisa. Já temos uma pintura inédita e há relato de outras. A tendência é o projeto avançar neste ano, com mais pessoas fixas no local. Queremos tentar enquadrar e descobrir quais povos poderão ser os responsáveis pelas pinturas. E também associar com algum elemento da cultura material para que possamos ter uma visão maior do território e ocupação humana na região”.

Jedson afirma ainda que o objetivo final da pesquisa é preservar o patrimônio cultural e difundi-lo para a comunidade mato-grossense. “Teremos um projeto de integração patrimonial que envolve escolas, a Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat) e a comunidade. Sabemos que existe muito mais coisas nesta região, pois, as pessoas comentam sobre materiais em pedra polida e pedra lascada, por exemplo. A nossa ideia é alargar a investigação”.

Além de Jedson, outro pesquisador também trabalha no projeto de prospecção da CGH Fazenda Modelo. A pesquisa também tem apoio do Museu do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Etnocultural e Artístico do Vale do Arinos, vinculado à Unemat, e coordenado pelo professor Saulo Augusto de Moraes.

Em dezembro do ano passado, o Iphan reconheceu dois sítios arqueológicos na região. O sítio de gravura rupestre, chamado Lage, sugere uma possível rota migratória que segue de Juara rumo ao município de Paranaíta, no Norte do Estado, próximo a Alta Floresta. Paranaíta abriga uma das mais famosas descobertas desta natureza no Estado, a ‘Pedra Preta’, e as gravuras encontradas em Juara são muito semelhantes. Lage é um sítio arqueológico a céu aberto, localizado em uma área privada, com gravuras rupestre em variados pontos, na superfície de um afloramento rochoso de planalto residual, a aproximadamente 3 mil metros da margem do Rio Arinos.

Já o sítio Tatuí, de cerâmica pré-colonial, já de início oferece informações de habitações de povos ceramistas (prática hoje extinta na região do Vale do Arinos), margeando o Rio Arinos e Rio dos Peixes. Tatuí também é um sítio arqueológico a céu aberto, localizado em uma área indígena, com cerâmicas superpostas de diversificadas tipologias em variados pontos da superfície do solo, próximo à margem do Rio dos Peixes, distante aproximadamente 65 quilômetros do perímetro urbano de Juara.

(fotos: divulgação)

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