A recém-nascida que sobreviveu ao parto realizado 15 minutos após a morte da mãe apresenta quadro gravíssimo, mas reagiu e abriu os olhos, ontem à tarde. A menina está internada desde a última sexta-feira (17), depois que a médica da equipe do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) de Rondonópolis realizou o parto cesáreo dentro da ambulância, a caminho da Santa Casa.
Segundo a assessoria do hospital, a criança chegou com quadro estabilizado, mas mesmo assim grave, já que havia ficado sem oxigenação e foi reanimada pela equipe. Desde o sábado, boletim médico aponta quadro gravíssimo. A menina está entubada e respirando com a ajuda de aparelhos, recebendo medicação vasoativa. Em decorrência das crises convulsivas estão sendo ministrados anticonvulsivos. Exames por imagens deverão mostrar se houve danos cerebrais.
Ao chegar ao endereço, a médica constatou que a jovem Iolanda Pimentel, 22 anos, que estava na 38ª semana de gestação, não apresentava sinais vitais. A ambulância chegou sete minutos depois de ser acionada e já encontrou ela sem vida, sentada em uma cadeira de fios. O parto emocionou a equipe, comandada pela médica cirurgiã Luciana Abreu Horta, 36 anos. A equipe foi acionada por volta das 21h30, para atendimento de uma ocorrência envolvendo uma gestante com quadro convulsivo.
A médica então pediu autorização da família para realizar procedimento, visando salvar a vida da criança. O corpo da mãe foi colocado na ambulância com destino ao hospital. Mas duas quadras depois Luciana determinou que o condutor parasse o veículo e deu início ao procedimento. Usando um bisturi fez a incisão e retirou a criança, no prazo limite estimado por ela de 15 minutos, após a morte da mãe.
Inicialmente a criança não esboçou qualquer sinal vital e estava com cor arroxeada. A médica administrou oxigênio e a pele passou a ficar rosada, quando a criança respirou. Em poucos minutos a equipe chegou até a Santa Casa, onde pediatra e equipe estavam aguardando para recebê-la.
A médica diz que foram momentos indescritíveis, com lágrimas compartilhadas pelo condutor, o cabo do Corpo de Bombeiro Júnior, e a enfermeira Evilásia. Mesmo depois de passada a tensão pelo salvamento a emoção permaneceu com o grupo e outros profissionais que acompanharam o desfecho.