Após correr o risco de perder o título ‘Reserva da Biosfera’, concedido em 2000 pela Unesco, o Pantanal mantém o reconhecimento internacional e contará com cerca de 80 ações emergências cujo objetivo principal é promover a conservação e desenvolvimento sustentável do território.
O anúncio da manutenção do título internacional foi dado, na última sexta-feira, pelo Comitê Executivo da Reserva da Biosfera do Pantanal, formado por representantes dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, durante um evento realizado pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Áreas Úmidas (INAU) da Universidade Federal de Mato Grosso.
Para o secretário de estado de Meio Ambiente e vice-governador de Mato Grosso, Carlos Fávaro, a manutenção do título é uma conquista para a população e mais um avanço da gestão ambiental. “Agora vamos tomar medidas para manter esse título e garantir a longevidade do Pantanal, que é patrimônio de todos. Para isso, é necessário um trabalho conjunto entre os estados, sociedade civil e os diversos setores do segmento econômico”.
O plano de ação emergencial em defesa da manutenção do Pantanal prevê atividades de curto, médio e longo prazo, como a elaboração de um mapa de uso e ocupação de solo, implantação de Unidades de Conservação (UC), monitoramento socioambiental e promoção de agendas de discussão com a Unesco. As ações começam este ano e seguem até 2025.
O documento foi desenvolvido pelo comitê executivo, aprovado pelo Governo Federal e apresentado em 2016 durante a 23ª Reunião do Comitê Internacional de Aconselhamento das Reservas da Biosfera (IACBR 2017), ocorrida em Paris, no mês passado. Conforme a superintendente de Biodiversidade da Sema e presidente do comitê, Fátima Sonoda, muitas pessoas não compreendem a importância desse título, mas ela ressalta que por meio dele é possível o Brasil capitalizar recursos, trazer pesquisas e incentivas atividades sustentáveis no Pantanal.
“Essa é uma vitória para as instituições que lutam pela preservação de uma das maiores áreas alagada do mundo. Nosso próximo passo agora é implementar as ações e garantir a manutenção do Pantanal”, informa Fátima.
O reitor da Universidade Estadual de MS (UEMS), Fábio Edir, também comemora a conquista e destaca a luta dos estados a favor do Pantanal. “Reafirmamos esse compromisso entre os estados que lutam há mais de 15 anos pela produção de pesquisa nesta região. Esse é um momento de coroação do nosso trabalho, mas a batalha ainda não terminou”, lembra o reitor sobre a segunda etapa da conquista que é a implementação do plano de ação.
Na avaliação do coordenador do Centro de Pesquisas do Pantanal (CPP), o professor Paulo Teixeira, os estudos são condições indispensáveis para que aconteça o esclarecimento à sociedade pantaneira. “Juntos temos que discutir os rumos da sociedade pantaneira, no contexto produtivo da área, para encontrarmos uma forma sustentável de utilização da planície alagada”.
O conselho é composto por dez instituições. Em Mato Grosso, participam do grupo a Sema, representantes de proprietários de Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), de uma atividade sustentável no pantanal, de Organizações Não-governamentais (ONGs) e de uma universidade.
O Pantanal foi designado, pela Unesco, como Reserva da Biosfera (RB), no ano de 2000. Entretanto, o IACBR fez sérias recomendações ao governo brasileiro sobre o nível de implementação da RB Pantanal, colocando em risco a permanência deste importante título internacional à maior área úmida continental do planeta.
O governo federal acionou os governos estaduais de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul que em sinergia com a sociedade civil estruturou o Comitê Executivo da Reserva da Biosfera do Pantanal e elaborou o plano de ação.