Após as denúncias de que recebeu recursos das contas do empresário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza na eleição para governador em 1998, o senador Eduardo Azeredo (MG) anunciou nesta terça-feira sua saída da presidência nacional do PSDB.
“Afasto-me com a consciência tranqüila. Minha serenidade vem da certeza de que desarmo meus detratores do único argumento de que dispunham pois o fato de não saber de tudo, que de mim agora é implacavelmente cobrado pelos petistas, é a única e cínica desculpa dos defensores do governo”, declarou.
Azeredo usou a tribuna do Senado para anunciar seu afastamento do cargo. Em um discurso com duras críticas ao PT, o senador disse que os adversários dos tucanos “conseguiram, primeiramente, confundir a prática do chamado ‘mensalão’ com a existência de caixa dois nas campanhas eleitorais”.
Agência Senado
Eduardo Azeredo deixa a presidência do PSDB
Depois, tentou separar as denúncias sobre caixa dois e pagamento de parlamentares. “Insisto, pois, em reafirmar que tais problemas da gestão administrativo-fincnceiro de campanha, criados por inadequação à atual legislação eleitoral, não podem ser confundidos nem misturados com a compra de consciências e votos de liderança de partidos governistas. Esse sim é o crime que representa um tapa na cara dos brasileiros e que precisa ser punido exemplarmente.”
O prefeito de São Paulo, José Serra, que é presidente licenciado e deixou a vaga para Azeredo, deverá reassumir o cargo. Serra deverá transmitr a presidência tucana para o senador Tasso Jereissati (CE) no próximo dia 18.
Com isso, o PSDB decidiu antecipar a saída do senador da presidência da legenda por considerar que o foco das investigações, que na avaliação dos tucanos deveria estar nos petistas e nos demais partidos da base governista, começou a se virar para a oposição.
Apesar de o tesoureiro da campanha, Cláudio Mourão, ter negado em depoimento à CPI dos Correios que Azeredo soubesse do esquema, documentos divulgados no final de semana mostrariam que o senador sabia da utilização de recursos em sua campanha originários das contas de Valério.
Reportagem
No sábado, após saber de reportagem da revista “IstoÉ” que ligava Azeredo a Valério, conversaram por telefone o prefeito de São Paulo, José Serra, Tasso, o líder do partido no Senado, Arthur Virgílio (AM), o líder na Câmara dos Deputados, Alberto Goldman (SP), e os deputados Eduardo Paes (RJ) e Gustavo Fruet (PR).
A revista publicou a cópia de um cheque de Valério, no valor de R$ 700 mil, usado em 2002 para pagar uma dívida de Azeredo com Cláudio Mourão.
O senador confirma o auxílio do empresário mineiro e diz que devolveu dinheiro a ele, graças a um empréstimo de R$ 500 mil tomado no Banco Rural pelo atual ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia (PTB-MG).
Azeredo já havia admitido à CPI dos Correios a existência de caixa dois em sua campanha à reeleição ao governo de Minas, mas jogou a responsabilidade para Mourão, assim como o PT fez com o ex-tesoureiro Delúbio Soares. A fonte dos recursos do tucano seriam empresas de Marcos Valério, repetindo os petistas mais uma vez.